quinta-feira, 7 de maio de 2015

Meu amigo Newton Caridade

No whatsapp, em rádio-escuta acompanhadas atentamente manifestações dos confrades, observei questionamentos quanto à data de falecimento do saudoso Newton Caridade, ocorrida exatamente no sábado 12 de julho de 1986.

O Newton foi um excelente amigo e companheiro de Arma. Concluída a AMAN, pegamos a estrada em comboio rumo ao Rio Grande do Sul, eu para Santa Rosa, ele direção Itaqui, já casado com a Vânia. Seu pai, o Sr. Caridade, era dono de um posto de gasolina no subúrbio de Brás de Pina, onde próximo residia a família, na Penha, e cedo ele aprendera a dirigir.

Possuidor recente de habilitação, inexperiente na direção, tornei-me alvo de preocupação dele quanto ao meu desempenho nas rodovias até nossos destino de Aspiras, do que se aproveitava para me zoar no seu jeito engraçado de ser. Já em Porto Alegre, afinal declarou-me aprovado como motorista.

Terminada a EsAO, rumamos para o 6º RCB, no Alegrete, ratificando a nossa amizade. Era profissional dedicado e pai exemplar do Cláudio, da Vanessa e da Mônica. Guardo lembranças carinhosas daqueles tempos, das equipes de polo, das competições esportivas, da privilegiada convivência que tivemos.

Gozador emérito e comilão, resolveu retaliar o então S/4 - Fiscal do Regimento, eu, pela proibição de os cassineiros dos oficiais atenderem a solicitações de lanches informais durante o expediente, conforme apurado prática habitual do S/3, ele, que inconformado intentou terrível vingança.

Solteiro, eu morava no quartel e adquiria alimentos no comércio local, estocados na geladeira do cassino para consumo próprio. Coibidos os sanduíches, os ovos fritos e a farra junto aos cassineiros, comecei a percebe inexplicada diminuição na quantidade de frutas compradas, até que certo dia depois de ingerir uma saborosa maçã estranhei a presença insistente do Caridade na sala da Fiscalização, e sua indisfarçada preocupação em inteirar-se  de minhas necessidades fisiológicas momentâneas. Só aí descobri o ato terrorista: inoculado Butalax (???) na maça, aguardava manifestar-se a dor de barriga programada com tanto carinho para o rigoroso Fiscal. Enfurecido, parti pra cima dele, que às gargalhadas desapareceu de minhas vistas e fogos durante algumas horas, até baixar a poeira.

Em compensação, pouco depois tive a oportunidade de colocá-lo definitivamente sob controle. Flamenguista roxo, festeiro assumido, em 1984 caiu na tentação de desfilar no carnaval alegretense como destaque de carro alegórico. Acho que representava algum personagem histórico, por aí. Melhor oportunidade impossível para retribuir com juros o lance da maçã envenenada. Ansioso, acompanhando o animado folião. Encerrada a apresentação, o xeque-mate: - "Ô Bunda, falei calmamente...excelente o teu desempenho momesco...gostei tanto que fotografei e as melhores fotos vou mandar para a turma do Esquadrão, eles vão adorar te ver fantasiado de Gladiador Romano acenando e mandando beijinho para a plateia do Alegrete, sacou?" - Desesperado, ele bradava sem parar - "Crioulo fdp, se fizer isso eu te mato....- ".

Li emocionado os depoimentos sobre o estimado amigo Caridade ao quais acrescento este, pautado sob a enorme saudade e amizade dele, que certamente continua a alegras as hostes celestiais da Tu MMM 72.

Rio de Janeiro, 07 Mai 2015
Forte Abraço, do Nilo