Breve
homizio no Urubu-Babilônia sugeriu-me armistício, encerrada a corrida
presidencial. Relaxado, fui espairecer no templo da malandragem, a Lapa boêmia
de tipos exóticos. Percorrendo bares e ruelas escuras, despertou-me atenção
grupo alegre de vadios, camisa encarnada a entoar adaptação do clássico Rapaz
Folgado, de Noel. Assim
cantavam os bebuns:
Deixa de mostrar o teu espanto
Pois espanto nunca deu em nada
Guarda no armário a sunga branca
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te
atrapalha
Do PC montado na Aldeota
Da má fama quero que escapes
Pra fazer boas ações
Vou te dar papel e lápis
Arranja assunto e novo bordão
Califa é palavra derrotista
Que só serve pra tirar todo o valor do
tanquista
Proponho ao povo baratinado
Não te chamar de califa e sim de guru
folgado.
Algo
soava familiar, sem conexão imediata. Acessada a rede vejo o palavrório agravado
à enésima potência, descambando para ameaçadora mobilização de ditos combatentes
do partido azul derrotado, liderados pelo hierofonte oceânico Ivus D.
Smith.
Embrionários, aterrou-me a virulência dos militantes
azuis-celeste. Insuflados pelo líder carismático que apregoa correr na praia,
manutenir armamentos e afiar navalhas, certamente para
descabeçar infiéis num futuro próximo, comprometem-se a segui-lo em rebelião de
âmbito nacional. Preocupado com possível acusação de colaborador
vermelho, indelével pecha infamante, corri a incorporar-me aos
rebeldes.
Sou
mero cabo das baias reformado, intelecto água na canela. Nas poucas escolas que
frequentei a mediocridade hedionda invariavelmente compeliu-me a desempenhos
pífios, nada modificado dali em diante. Sou peixe miúdo, embora não ignore a barafunda planetária causada por
sinistro cabo prussiano no Século XX, o que impõe atentar-se a eventuais pitacos de graduados, antes que se
agigantem.
Vicejam análises geopolíticas, militares e hipóteses
de guerra alinhadas ao pensar estratégico do ideólogo-mor da guerra psicológica
atual, o xamã cearense doutorado em perfurar mentes petrificadas, único capaz de
amainar ideologizados fanáticos. Já direcionado aos combates, me atrevo a
sugerir nomes às FFAA azuis no TO:
- Cmt supremo e da FT Op Psic: Generalíssimo Ivus Damerran Smith;
- Chefe EM Conjunto: Gen Ayrtinho, promovido a Conde do Recreio;
-
Cmt
Ex: Gen Pimpim, elegante QG na
Public House da Saenz Peña ;
-
Cmt
V FAT: Brig Bardo Cléo, notável
caçador de “aviões”;
-
Cmt
Forças Navais: Alte Patinho,
Esquadra fundeada na Lagoa de Marapendi;
- Cmt
Forças Especiais: Gen Boita, vencedor isolado da contenda se empregar o temível
Destacamento FE/Sarandi, exímio no manejo de cimitarras
churrasqueiras;
- Cmt Brigada Aeroterrestre Skynalha: Gen Cobra, convocado CHEM exclusivo para lançamentos noturnos na Amazônia o Cel Mestre Félix;
-
E/1: Cel
Ângelo KbçA, dispensável o HD de
controle de pessoal;
-
E/2: Cel Boca 472, incontrolável porta-voz no futuro governo
azulado;- E/3: Gen Lobo Moneró, cumulativo procurador-geral de justiça azul-vovô;
- E/4: Cel Joe May, também adido militar na Baviera, alterego Hans Mayer;
- Cmt Regimento Harley-Davidson Voadoras: Cel Renato, base em JF, uai;
- Adido permanente ao Kremlin/Putin/neorasputinianos: Cel Baci, o cossaco tropical;
Prestes a configurar o alto comando das FFAA,
verdadeiro dream team, questionamento atroz irrompeu, inspirado na mencionada
audição de Rapaz Folgado agora percebido como torpedo psicológico assacado
contra o Cmt supremo. -“Guarda no armário a sunga branca”... “do PC montado na
Aldeota”... “califa é palavra derrotista” – levantaram suspeitas, ratificadas na
insolência terminal –“ não te chamar de califa e sim de guru
folgado”. Indignado, adentrei os recônditos do morro para pechinchar a compra de
armas e munições junto a empresário do ramo, na louca pretensão de castigar os
cantantes rubros da Lapa.
Rumo
ao recanto profano, numa derrapada do ônibus sábia reflexão me alertou. Nela
vislumbrei que guerras se vencem, sobretudo, nas conquistas psicológicas do
gentio, a exemplo da catequese jesuítica nas Américas. Deduzi pela inutilidade
do potencial massacre intentando lavar a honra do idolatrado guru da Aldeota.
Melhor, pensei, responder na mesma moeda, tentativa na qual me enrasquei devido
a limitações crônicas, amenizadas ao recordar alguém capaz de anular o exocet
psicológico dos vermelhos nortistas : Marcos Jacaré de
Bonis, o maior expert musical de 72, nosso Tinhorão VO.
Creio
que o RP cor do firmamento, Cel Paca D, PDR aberto, sensibilize o estudioso Cel
comissionado Dom Marcos a produzir paródia-resposta, talvez de Conversa Fiada
para reverenciar a famosa polêmica Wilson-Noel, sepultando
a inquietante dúvida lançada sobre a reputação do querido Sun Tzu alencarino:
combatente arretado ou rato de praia folgado?
Aguardam-se orientações do Generalíssimo e
manifestação criativa do emérito pesquisador araçatubense.
Rio de
Janeiro, 01 de novembro de 2014
Dom Obá III, Petisco da Vila,
Boulevard 28 de setembro.
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