sábado, 1 de novembro de 2014

ARRETADO OU FOLGADO?

   Breve homizio no Urubu-Babilônia sugeriu-me armistício, encerrada a corrida presidencial. Relaxado, fui espairecer no templo da malandragem, a Lapa boêmia de tipos exóticos. Percorrendo bares e ruelas escuras, despertou-me atenção grupo alegre de vadios, camisa encarnada a entoar adaptação do clássico Rapaz Folgado, de Noel.  Assim cantavam os bebuns:


Deixa de mostrar o teu espanto
Pois espanto nunca deu em nada

 Guarda no armário a sunga branca

Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha
Do PC montado na Aldeota

 Da má fama quero que escapes

Pra fazer boas ações
Vou te dar papel e lápis

Arranja assunto e novo bordão
Califa é palavra derrotista

Que só serve pra tirar todo o valor do tanquista
Proponho ao povo baratinado

Não te chamar de califa e sim de guru folgado.


                  Algo soava familiar, sem conexão imediata. Acessada a rede vejo o palavrório agravado à enésima potência, descambando para ameaçadora mobilização de ditos combatentes do partido azul derrotado, liderados pelo hierofonte oceânico Ivus D. Smith.    
                  Embrionários, aterrou-me a virulência dos militantes azuis-celeste. Insuflados pelo líder carismático que apregoa correr na praia,  manutenir armamentos e afiar navalhas, certamente para descabeçar infiéis num futuro próximo, comprometem-se a segui-lo em rebelião de âmbito nacional.  Preocupado com possível acusação de colaborador vermelho, indelével pecha infamante, corri a incorporar-me aos rebeldes.

              Sou mero cabo das baias reformado, intelecto água na canela. Nas poucas escolas que frequentei a mediocridade hedionda invariavelmente compeliu-me a desempenhos pífios, nada modificado dali em diante. Sou peixe miúdo,  embora não ignore a barafunda planetária causada por sinistro cabo prussiano no Século XX, o que  impõe atentar-se a eventuais pitacos de graduados, antes que se agigantem.  
              Vicejam análises geopolíticas, militares e hipóteses de guerra alinhadas ao pensar estratégico do ideólogo-mor da guerra psicológica atual, o xamã cearense doutorado em perfurar mentes petrificadas, único capaz de amainar ideologizados fanáticos. Já direcionado aos combates, me atrevo a sugerir nomes às FFAA azuis no TO:

    - Cmt supremo e da FT Op Psic: Generalíssimo Ivus Damerran Smith;

    - Chefe EM Conjunto: Gen Ayrtinho, promovido a Conde do Recreio;

   - Cmt  Ex: Gen Pimpim, elegante QG na Public House da Saenz Peña ;
   - Cmt  V FAT: Brig Bardo Cléo, notável caçador de “aviões”;

   - Cmt  Forças Navais: Alte Patinho, Esquadra fundeada na Lagoa de Marapendi;
   - Cmt Forças Especiais: Gen Boita, vencedor isolado da contenda se empregar o temível Destacamento FE/Sarandi, exímio no manejo de cimitarras churrasqueiras;

    - Cmt Brigada Aeroterrestre Skynalha: Gen Cobra, convocado CHEM exclusivo para lançamentos noturnos na Amazônia o Cel Mestre Félix;

   - E/1: Cel  Ângelo KbçA, dispensável o HD de controle de pessoal;
   - E/2: Cel Boca 472, incontrolável porta-voz no futuro governo azulado;

    - E/3: Gen Lobo Moneró,  cumulativo procurador-geral de justiça azul-vovô;

   - E/4: Cel Joe May, também adido militar na Baviera, alterego Hans Mayer;  

   - Cmt Regimento Harley-Davidson Voadoras: Cel Renato, base em JF, uai;

    - Adido permanente ao Kremlin/Putin/neorasputinianos: Cel Baci, o cossaco tropical;

      Prestes a configurar o alto comando das FFAA, verdadeiro dream team, questionamento atroz irrompeu, inspirado na mencionada audição de Rapaz Folgado agora percebido como torpedo psicológico assacado contra o Cmt supremo. -“Guarda no armário a sunga branca”... “do PC montado na Aldeota”... “califa é palavra derrotista” – levantaram suspeitas, ratificadas na insolência  terminal –“ não te chamar de califa e sim de guru folgado”. Indignado, adentrei os recônditos do morro para pechinchar a compra de armas e munições junto a empresário do ramo, na louca pretensão de castigar os cantantes rubros da Lapa.  

     Rumo ao recanto profano, numa derrapada do ônibus sábia reflexão me alertou. Nela vislumbrei que guerras se vencem, sobretudo, nas conquistas psicológicas do gentio, a exemplo da catequese jesuítica nas Américas. Deduzi pela inutilidade do potencial massacre intentando lavar a honra do idolatrado guru da Aldeota. Melhor, pensei, responder na mesma moeda, tentativa na qual me enrasquei devido a limitações crônicas, amenizadas ao recordar alguém capaz de anular o exocet  psicológico dos vermelhos nortistas : Marcos Jacaré de Bonis, o maior expert musical de 72, nosso Tinhorão VO.

      Creio que o RP cor do firmamento, Cel Paca D, PDR aberto, sensibilize o estudioso Cel comissionado Dom Marcos a produzir paródia-resposta, talvez de Conversa Fiada para reverenciar a famosa polêmica Wilson-Noel, sepultando a inquietante dúvida lançada sobre a reputação do querido Sun Tzu alencarino: combatente arretado ou rato de praia folgado?

     Aguardam-se orientações do Generalíssimo e manifestação criativa do emérito pesquisador araçatubense.  



                                                                                                 Rio de Janeiro, 01 de novembro de 2014

Dom Obá III, Petisco da Vila, Boulevard 28 de setembro.

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