quinta-feira, 7 de maio de 2015

Meu amigo Newton Caridade

No whatsapp, em rádio-escuta acompanhadas atentamente manifestações dos confrades, observei questionamentos quanto à data de falecimento do saudoso Newton Caridade, ocorrida exatamente no sábado 12 de julho de 1986.

O Newton foi um excelente amigo e companheiro de Arma. Concluída a AMAN, pegamos a estrada em comboio rumo ao Rio Grande do Sul, eu para Santa Rosa, ele direção Itaqui, já casado com a Vânia. Seu pai, o Sr. Caridade, era dono de um posto de gasolina no subúrbio de Brás de Pina, onde próximo residia a família, na Penha, e cedo ele aprendera a dirigir.

Possuidor recente de habilitação, inexperiente na direção, tornei-me alvo de preocupação dele quanto ao meu desempenho nas rodovias até nossos destino de Aspiras, do que se aproveitava para me zoar no seu jeito engraçado de ser. Já em Porto Alegre, afinal declarou-me aprovado como motorista.

Terminada a EsAO, rumamos para o 6º RCB, no Alegrete, ratificando a nossa amizade. Era profissional dedicado e pai exemplar do Cláudio, da Vanessa e da Mônica. Guardo lembranças carinhosas daqueles tempos, das equipes de polo, das competições esportivas, da privilegiada convivência que tivemos.

Gozador emérito e comilão, resolveu retaliar o então S/4 - Fiscal do Regimento, eu, pela proibição de os cassineiros dos oficiais atenderem a solicitações de lanches informais durante o expediente, conforme apurado prática habitual do S/3, ele, que inconformado intentou terrível vingança.

Solteiro, eu morava no quartel e adquiria alimentos no comércio local, estocados na geladeira do cassino para consumo próprio. Coibidos os sanduíches, os ovos fritos e a farra junto aos cassineiros, comecei a percebe inexplicada diminuição na quantidade de frutas compradas, até que certo dia depois de ingerir uma saborosa maçã estranhei a presença insistente do Caridade na sala da Fiscalização, e sua indisfarçada preocupação em inteirar-se  de minhas necessidades fisiológicas momentâneas. Só aí descobri o ato terrorista: inoculado Butalax (???) na maça, aguardava manifestar-se a dor de barriga programada com tanto carinho para o rigoroso Fiscal. Enfurecido, parti pra cima dele, que às gargalhadas desapareceu de minhas vistas e fogos durante algumas horas, até baixar a poeira.

Em compensação, pouco depois tive a oportunidade de colocá-lo definitivamente sob controle. Flamenguista roxo, festeiro assumido, em 1984 caiu na tentação de desfilar no carnaval alegretense como destaque de carro alegórico. Acho que representava algum personagem histórico, por aí. Melhor oportunidade impossível para retribuir com juros o lance da maçã envenenada. Ansioso, acompanhando o animado folião. Encerrada a apresentação, o xeque-mate: - "Ô Bunda, falei calmamente...excelente o teu desempenho momesco...gostei tanto que fotografei e as melhores fotos vou mandar para a turma do Esquadrão, eles vão adorar te ver fantasiado de Gladiador Romano acenando e mandando beijinho para a plateia do Alegrete, sacou?" - Desesperado, ele bradava sem parar - "Crioulo fdp, se fizer isso eu te mato....- ".

Li emocionado os depoimentos sobre o estimado amigo Caridade ao quais acrescento este, pautado sob a enorme saudade e amizade dele, que certamente continua a alegras as hostes celestiais da Tu MMM 72.

Rio de Janeiro, 07 Mai 2015
Forte Abraço, do Nilo

domingo, 2 de novembro de 2014

Resposta do Salvany


Prezado irmão cósmico e d'arma Nilo
 De início, devo manifestar meu desagravo e repudio veemente pela dúvida à minha sacramentada e notória reputação de “arretado combatente”, obviamente, dúvida esta levantada por camaradas desatentos, velhos desafetos, alienados, voadores caquéticos, alzheimerados ou distraídos de nossa TuMMM, reputação viilmente assacada pela infame pecha de “rato de praia folgado”. Ora, diante dessa dúvida aleivosamente inventada só me resta, a contragosto, revelar e desnudar ao mundo meu disfarce de reles “rato de praia folgado”, usado desde que resido na capital alencarina, camuflando com sucesso meu inefável passado de militar aguerrido e combatente arretado, repleto de lutas e de glórias, cantado em versos e prosas pelos maiores menestreis e vates de nosso EB. Dentre tantos que eternizaram em poemas e canções de gesta minha aguerrida reputação militar cavalariana, cito apenas o maior de todos, Nilo de Paula Moreira, com seu poema épico “Ivo Damerran Smith”, gravado às páginas 301 e 302 do livro “ Nosso Regimento - Histórico do 3ºRegimento de Carros de Combate”, do então TCel Piraju Borowski Mendes.
No baixo astral da segunda-feira passada, deveras angustiado depois do malfadado resultado das ignóbeis eleições e pela inesperada derrota do Fortaleza em pleno Castelão, amargando por mais um ano a terceira divisão futebolística, e quatro anos sob os tacões da hedionda bruxa terrorista Dilma sem remorsos e seus canalhas e corruptos PTralhas, estava celeremente rumando para um estado de fossa profunda e depressão fatal.
Ainda nesta fatídica segunda-feira, ao cair da tarde, na varanda de meu apê, prostrado no fundo de minha cálida rede balouçando-me levemente sob a brisa dos verdes mares de Iracema devorava o livro do filósofo Luiz Felipe Pondé, intitulado “Contra Um Mundo Melhor- Ensaíos do Afeto”, que, em resumo, nos ensina “ o que nos humaniza é o fracasso”, recebi um “zap zap” de um grande amigo carioca local, boêmio arretado e pagodeiro da beira-mar, convidando para me juntar num grupo de frustrados eleitores aecianos e afogar nossas mágoas no bar Mincharia e depois emendar no famoso Pirata, ambos redutos boêmios e de vadiagem, internacionalmente conhecidos da Praia de Iracema.
Claro que aceitei o convite, apesar dos protestos solenes de minha eterna amada, que cedeu sob meu definitivo argumento de que só precisava de uma catarse etílica para superar meu recente trauma político, uma sábia decisão, que, certamente, livrou-me do abismo depressivo que inexoravelmente mergulhava.
Passado com louvor este tenebroso momento existencial, de volta à lucidez, tive a alegria de ler e reler a perfeita metáfora de nosso audaz Arataquinha sobre a constatação da primeira derrota na história brasileira dos Azuis do Sul pelos Vermelhos do Norte, mesmo que não tenha configurado uma sangrenta batalha bélica tratou-se de uma emblemática derrota política-ideológica. Porém, pela nossa expertise e consolo militar sabemos que uma guerra é feita de continuadas batalhas, assim, tenho certeza de que perdemos uma batalha, mas, ainda não perdemos a guerra!! De fato, já recuperado dessa dúbia derrota voltei aos teclados do computador e, agora também, empregando o Iphone, nova arma, para retomar e sustentar à ferrenha e dura luta ideológica e política pela web, nosso hodierno campo de batalhas psicossociais.
Para o Willian Shakespeare, “ a vida deve ter um sentido, porque a vida sem sentido não é vida”. Meu atual sentido de vida passa pela atual luta ideológica e filosófica contra o radical projeto de poder dos PTralhas, vil projeto da tomada definitiva do poder e implantação de um fracassado regime bolivariano socialista e fascista no Brasil. Canalhas bandidos, que, hoje, infestam o poder e contaminam e dividem o país com seu discurso de ódio socialista fascista antidemocrático. Definitivamente não pretendo morrer de velhice deitado e de fraldão numa cama de hospital, com uma enfermeira sociopata me dando cascudos por ter mijado na cama.Não, não almejo isso! Quero a morte gloriosa, morrer ébrio de adrenalina em meio a um bom combate.
Adrenalina viciante que tenho procurado avidamente curtir nas árduas corridas pelas areias escaldantes das praias alencarinas, na sofrida malhação de ferros e pesos na academia Smart Fit, na contumaz prática de violentos e doídos combates de Paint Ball, onde tenho a alcunha de Gladiador, e do tiro real de pistola nos treinamentos e competições, com minha certeira e nova GLOCK G25, quem conhece sabe que é arma top dentre melhores do mundo, famosa por ser a arma usada nos filmes por James Bond. Além, claro, das surtidas boêmias pelo ambiente sempre perigoso, pleno de putarias, mulheres fatais e cheio de incertezas da noite cearense. Por isso, fundado neste continuado treinamento, tenho absoluta consciência de que estou pronto para o bom combate, que sou irrefutavelmente um consolidado COMBATENTE ARRETADO e merecedor de toda a confiança de meus camaradas e seguidores .
Pelo exposto, renego qualquer armistício com vermelhos corruptos canalhas, e clamo à urgente mobilização militar de todos Azuis do Sul, faço sugestões à composição das Forças dos Azuis no TO do Norte, proposta por Dom Obá III, para que seja nomeado como Generalíssimo Cmt Supremo nosso grande líder militar nordestino Azul e competente General Manoel Theophilo, também, que Damerran Smith seja nomeado Ajudante de Ordem e Segurança Pessoal desse nobre Generalíssimo, e que Nilo de Paula Moreira e seu alter ego Dom Obá III, sejam comissionados Ajudante de Campo e Secretário Pessoal do Generalíssimo Comandante Supremo, para, a exemplo do brilhante escritor Visconde de Taunay durante a guerra do Paraguai, realizar com sua mágica pena o registro histórico dos épicos embates que nossas forças enfrentarão na previsível, sangrenta e próxima guerra civil pela retomada das plenas liberdades democráticas neste país.
Quartel em Fortaleza, CE, 01 de Novembro de 2014
Damerran Smith, Ajudante de Ordem direto do front da Praia de Iracema.

sábado, 1 de novembro de 2014

ARRETADO OU FOLGADO?

   Breve homizio no Urubu-Babilônia sugeriu-me armistício, encerrada a corrida presidencial. Relaxado, fui espairecer no templo da malandragem, a Lapa boêmia de tipos exóticos. Percorrendo bares e ruelas escuras, despertou-me atenção grupo alegre de vadios, camisa encarnada a entoar adaptação do clássico Rapaz Folgado, de Noel.  Assim cantavam os bebuns:


Deixa de mostrar o teu espanto
Pois espanto nunca deu em nada

 Guarda no armário a sunga branca

Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha
Do PC montado na Aldeota

 Da má fama quero que escapes

Pra fazer boas ações
Vou te dar papel e lápis

Arranja assunto e novo bordão
Califa é palavra derrotista

Que só serve pra tirar todo o valor do tanquista
Proponho ao povo baratinado

Não te chamar de califa e sim de guru folgado.


                  Algo soava familiar, sem conexão imediata. Acessada a rede vejo o palavrório agravado à enésima potência, descambando para ameaçadora mobilização de ditos combatentes do partido azul derrotado, liderados pelo hierofonte oceânico Ivus D. Smith.    
                  Embrionários, aterrou-me a virulência dos militantes azuis-celeste. Insuflados pelo líder carismático que apregoa correr na praia,  manutenir armamentos e afiar navalhas, certamente para descabeçar infiéis num futuro próximo, comprometem-se a segui-lo em rebelião de âmbito nacional.  Preocupado com possível acusação de colaborador vermelho, indelével pecha infamante, corri a incorporar-me aos rebeldes.

              Sou mero cabo das baias reformado, intelecto água na canela. Nas poucas escolas que frequentei a mediocridade hedionda invariavelmente compeliu-me a desempenhos pífios, nada modificado dali em diante. Sou peixe miúdo,  embora não ignore a barafunda planetária causada por sinistro cabo prussiano no Século XX, o que  impõe atentar-se a eventuais pitacos de graduados, antes que se agigantem.  
              Vicejam análises geopolíticas, militares e hipóteses de guerra alinhadas ao pensar estratégico do ideólogo-mor da guerra psicológica atual, o xamã cearense doutorado em perfurar mentes petrificadas, único capaz de amainar ideologizados fanáticos. Já direcionado aos combates, me atrevo a sugerir nomes às FFAA azuis no TO:

    - Cmt supremo e da FT Op Psic: Generalíssimo Ivus Damerran Smith;

    - Chefe EM Conjunto: Gen Ayrtinho, promovido a Conde do Recreio;

   - Cmt  Ex: Gen Pimpim, elegante QG na Public House da Saenz Peña ;
   - Cmt  V FAT: Brig Bardo Cléo, notável caçador de “aviões”;

   - Cmt  Forças Navais: Alte Patinho, Esquadra fundeada na Lagoa de Marapendi;
   - Cmt Forças Especiais: Gen Boita, vencedor isolado da contenda se empregar o temível Destacamento FE/Sarandi, exímio no manejo de cimitarras churrasqueiras;

    - Cmt Brigada Aeroterrestre Skynalha: Gen Cobra, convocado CHEM exclusivo para lançamentos noturnos na Amazônia o Cel Mestre Félix;

   - E/1: Cel  Ângelo KbçA, dispensável o HD de controle de pessoal;
   - E/2: Cel Boca 472, incontrolável porta-voz no futuro governo azulado;

    - E/3: Gen Lobo Moneró,  cumulativo procurador-geral de justiça azul-vovô;

   - E/4: Cel Joe May, também adido militar na Baviera, alterego Hans Mayer;  

   - Cmt Regimento Harley-Davidson Voadoras: Cel Renato, base em JF, uai;

    - Adido permanente ao Kremlin/Putin/neorasputinianos: Cel Baci, o cossaco tropical;

      Prestes a configurar o alto comando das FFAA, verdadeiro dream team, questionamento atroz irrompeu, inspirado na mencionada audição de Rapaz Folgado agora percebido como torpedo psicológico assacado contra o Cmt supremo. -“Guarda no armário a sunga branca”... “do PC montado na Aldeota”... “califa é palavra derrotista” – levantaram suspeitas, ratificadas na insolência  terminal –“ não te chamar de califa e sim de guru folgado”. Indignado, adentrei os recônditos do morro para pechinchar a compra de armas e munições junto a empresário do ramo, na louca pretensão de castigar os cantantes rubros da Lapa.  

     Rumo ao recanto profano, numa derrapada do ônibus sábia reflexão me alertou. Nela vislumbrei que guerras se vencem, sobretudo, nas conquistas psicológicas do gentio, a exemplo da catequese jesuítica nas Américas. Deduzi pela inutilidade do potencial massacre intentando lavar a honra do idolatrado guru da Aldeota. Melhor, pensei, responder na mesma moeda, tentativa na qual me enrasquei devido a limitações crônicas, amenizadas ao recordar alguém capaz de anular o exocet  psicológico dos vermelhos nortistas : Marcos Jacaré de Bonis, o maior expert musical de 72, nosso Tinhorão VO.

      Creio que o RP cor do firmamento, Cel Paca D, PDR aberto, sensibilize o estudioso Cel comissionado Dom Marcos a produzir paródia-resposta, talvez de Conversa Fiada para reverenciar a famosa polêmica Wilson-Noel, sepultando a inquietante dúvida lançada sobre a reputação do querido Sun Tzu alencarino: combatente arretado ou rato de praia folgado?

     Aguardam-se orientações do Generalíssimo e manifestação criativa do emérito pesquisador araçatubense.  



                                                                                                 Rio de Janeiro, 01 de novembro de 2014

Dom Obá III, Petisco da Vila, Boulevard 28 de setembro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CRIEI A MINHA ONG


Pensei: “não posso vencer”! E aí, o que hei de fazer?
Depois de algum pensar, vislumbrei: “uma ONG vou criar”!
Será a MSX: Movimento dos Sem Xota – que lindo, vou lucrar
Já estou coroa e barrigudo – fica mais difícil pra tudo
Pra mim as mulheres agora são do tipo cara ou coroa 

As caras não posso bancar e as coroas é foda encarar
Estão gastas, pelancudas e os seios no umbigo a encostar
Algumas ainda tem seu valor, na falta de algo melhor
Mas outras já são desbeiçadas, caídas ou algo pior
O governo atual arruma bolsa pra tudo, como se nota
Então, tem que arrumar pra nós uma bolsa xoxota
Queremos xoxotas bacanas, novinhas e arrumadas
Podem ser cabeludindas, de bigode ou depiladas
E que sejam acompanhadas por um cuzinho bem rosado
Bonito, apertadinho e que não seja arrombado
Queremos logo em abundância, se possível um pacotão
Se possível as das “Hulketes” ou das moças do Faustão
Amigos, fiquem tranquilos, pois iremos compartilhar
Tenho certeza que todos nós iremos nos empapuçar
Com exceção do Bactéria, que só usa o pau pra mijar
Pois a sua broxidão nenhum médico pôde curar
Todavia, em sua inveja insana, já começou a falar
“Cléo, você não tem tesão pro dia inteiro trepar”!
Ok, pode ter razão, mas quando não der vou chupar
Afinal, nada na vida pode ser coisa mais gostosa
Do que cair forte de boca numa mata vaginosa
E vou dizer uma coisa que fique aqui entre nós
Vou chupa-las até assar – vão precisar de Hipoglós
E caso esse governo canalha, escroto e populista
Atenda a esse meu pleito, digo: VOU VIRAR PETISTA! 

Saint-Clair Paes Leme – poeta de botequim pé-sujo

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Rabo de Turma

Reflexões de um “Rabo de Turma”

Prezados Amigos Militares

Sou Aspirante a Oficial da turma Marechal Mascarenhas de Moraes, formada na AMAN no ano de 1972. Fui o 82º colocado em uma turma de 116 oficiais da Arma de Infantaria, o que me torna, no jargão militar, um (perdoem o termo chulo) “rabo de turma”, denominação usada no meio castrense para aqueles que se encontram no ultimo quarto de sua turma de formação. As idas para o Rio de Janeiro, infelizmente, sempre sobrepujaram a minha vontade de estudar. Assim, mercê de meu destino de apedeuta juramentado (rotulado já na década de 70), como diria o saudoso Odorico Paraguaçu, sinto-me muito à vontade para escrever essas linhas. Caso alguém concorde, será lucro. Caso discordem, poderão dizer: “ah, também, não se poderia esperar nada alem disso de um rabo de turma”!

Creio que ninguém no nosso meio irá discordar que nós, militares, estamos um uma situação muito inferior em todos os aspectos às demais carreiras de Estado, incluídos aí os funcionários de órgãos criados pelos próprios governos militares, como a Policia Federal, por exemplo ou, até mesmo, a vetusta Policia Rodoviária Federal. As Forças estão sucateadas com viaturas velhas, embarcações obsoletas, aeronaves sem manutenção adequada, salários arrochados e, em função dessas mazelas, as vocações anestesiadas. Qual o aluno brilhante de um dos nossos Colégios Militares quer, nos dias de hoje, deseja seguir a carreira das Armas? Poucos, muito poucos, posso afirmar.

Nos anos de 1994 e 1995 servi na DFA (Diretoria de Formação e Aperfeiçoamento) e, já naquela época, constatei alguns fatos no mínimo preocupantes. Exemplo: a Arma mais procurada na escolha era (ou ainda é, não saberia afirmar agora, após 13 anos de reserva) a Intendência. Não tenho absolutamente nada contra a Rainha de Logística, que realiza trabalho absolutamente edificante, mas entendo que, em principio, seria mais normal para um jovem que procura a carreira militar, escolher uma Arma combatente, por sua característica mais guerreira. Fui investigar por conta própria e, com a ajuda de alguns amigos, verifiquei que aquela escolha devia-se ao fato de os jovens cadetes identificarem na Intendência a Arma que lhes daria melhores condições para ocupar cargos no meio civil (?) ou maiores chances em concursos públicos. Mas, e a carreira militar? Ah, essa, em grande parte, seria apenas o primeiro degrau para outra caminhada.

Fui verificar, então, que os cursinhos preparatórios para tais concursos estão apinhados de militares de todos os postos e graduações (especialmente os oficiais subalternos e intermediários e os sargentos mais modernos) e de todas as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica). A Academia de Concursos na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em suas turmas noturnas, é um exemplo. Quem quiser confira.

E, afinal, qual a (s) explicação (ões) para tudo isso? Vou arriscar, como “rabo de turma”, elencar algumas poucas. Os jovens militares não vêem boas perspectivas financeiras para o futuro, não enxergam líderes incontestes (peço mil perdões aos meus amigos Generais) e, de quebra, sentem em alguns casos que correm o risco de, ainda no meio da carreira, mesmo se esforçando, ficarem relegados a segundo plano.

No Exército, por exemplo, caso um jovem major não logre êxito em ingressar logo na ECEME (Escola de Comando e Estado Maior), será obrigado a levar sucessivas “caronas” (ser ultrapassado na promoção por oficiais mais modernos) daqueles que possuem o curso. Um eventual insucesso irá tirar o seu “élan” no meio da carreira. Por que essa odiosa diferença entre QEMAS e “mangas lisas”, denominação jocosa que denigre tantos jovens brilhantes? Por que não cursarem todos, como na Aeronáutica, onde basta um requerimento? Cabe observar que o concurso em questão, salvo melhor juízo, avalia principalmente os oficiais que redigem bem e possuem bom poder de síntese.

Cito meu exemplo, que, como “rabo de turma”, passei no primeiro concurso, enquanto o primeiro da minha turma de Comunicações fez três concursos e não passou e o segundo da minha turma de Artilharia, que ficou reprovado em um e se recusou a prestar sequer um segundo. Isso, para ficar em apenas dois exemplos ocorridos com militares brilhantes. Poderia citar centenas de outros. Creio que, se Napoleão Bonaparte ressuscitasse no Brasil, teria certa dificuldade em ser aprovado na ECEME, haja vista que o pequeno Corso reconhecidamente não era pródigo nas letras. Era, pura e simplesmente, um gênio militar. Bem, no nosso Exército ele, provavelmente, permaneceria como cabo de Artilharia.

A essa altura, todos já devem estar entediados com tanta prolixidade e se perguntando: aonde ele quer chegar? E, agora, vou entrar na parte mais polêmica, que é externar a principal razão de nossas angústias. NÓS, MILITARES, ESTAMOS ASSIM, PRINCIPALMENTE, PORQUE SOMOS EXTREMAMENTE DESUNIDOS. Alguns falarão: “poxa, Saint-Clair, você esta pegando pesado demais. O que é isso, companheiro?” E eu vou explicar porque vejo as coisas dessa maneira.

Após ir para a reserva, fui trabalhar na área de segurança no meio civil. Meu tempo na Policia do Exército e os cursos que tive oportunidade de realizar nessa área me proporcionaram essa oportunidade. Mercê dessas tarefas, lido diuturnamente com policiais civis, militares e federais. Todos, dentro de suas respectivas Forças, são extremamente corporativos (para o bem e, infelizmente, algumas vezes para o mal). Possuem, ainda, significativa representação parlamentar e sindicatos fortes, que lutam com vigor e sucesso em prol de suas agremiações.

E nós? Ah, não podemos ter sindicatos, é verdade! Todavia, sempre que temos oportunidade de obter algum êxito, jogamos pela janela. Vou, mais uma vez, exemplificar. Em 2006 tivemos a eleição para a Presidência do Clube Militar do Rio de Janeiro, de longe a maior e mais forte agremiação de nosso meio. Tínhamos dois candidatos: o General de Exército R/1 Gilberto Figueiredo e o General de Brigada R/1 Paulo Assis. O primeiro, com sua chapa “Consolidar e Modernizar” tinha como principal objetivo revigorar o quadro do clube mediante a captação de novos sócios, motivando os recém formados na AMAN para ingresso no clube. Declarou na época: “em cada 500 Aspirantes que se formarem, se conseguirmos 60 será um bom percentual”. Nada tenho contra o General Figueiredo, mas, isso é um objetivo ambicioso? Tentar aumentar um pouco o quadro social?

Em contrapartida, o General Paulo Assis, com sua chapa, tinha, entre muitos objetivos, os seguintes: “participar do processo político em defesa dos valores éticos e morais, concitando a sociedade brasileira a expurgar do cenário político indivíduos envolvidos em crimes contra estes valores”, “afirmar que a solução da crise brasileira encontra-se no caminho do exercício do sistema democrático da escolha pelo voto” e outros objetivos semelhantes.

Como o estatuto do Clube Militar veta o proselitismo político aberto, o General entendeu que não deveria ser muito explicito em certos aspectos. Mas, como a oportunidade já passou, posso revelar. A idéia era que fossem reunidos todos os clubes e círculos militares de oficiais e de subtenentes e sargentos do Brasil para que, juntos, indicássemos um representante comum em cada Estado da Federação (metade graduados e metade oficiais) e fizéssemos uma bancada com 27 Deputados Federais. Aí, teríamos uma força imensa no Congresso, com uma das maiores bancadas. Teríamos votos de sobra para tal, apenas com as famílias dos militares. Os objetivos eram tão elevados que o General Paulo Assis obteve o apoio dos Grupos Ternuma, Inconfidência, Emboabas, ANMFA e outros. Cabe acrescer que esse Estatuto do Clube é uma balela, pois todos tem conhecimento que a República e as Revoluções de 1922, 1924, 1930 e 1964 foram planejadas dentro do mesmo.

Aí, começaram as manobras políticas sujas, que incluíram a divulgação de uma declaração que o Paulo Assis deu de forma brincalhona na Brigada Pára-quedista quando falou que “PQD vota em PQD” e que foi divulgada por um PQD da outra chapa como uma ofensa a todos os pés-pretos.

Após todos esses acontecimentos e calúnias, a chapa de Paulo Assis foi derrotada por uma diferença mínima: 1998 votos para o General Figueiredo contra 1884 para o General Paulo Assis. Por curiosidade perguntei a alguns coronéis e generais indecisos em quem iriam votar e a imensa maioria declarou que votaria no General Figueiredo por ELE SER QUATRO ESTRELAS! A antiguidade, para alguns de nossos companheiros, parece ser mais importante que os nossos destinos a aspirações. E assim, por meros 114 votos em um colégio eleitoral de 11.500 associados, podemos dizer, como na música do João Nogueira, “foi mais um sonho que ficou para trás”.

Então, resta-nos seguir com essa vidinha de sempre, recebendo eventualmente um editorial da revista (que ninguém lê) do Clube tecendo algumas críticas ao governo, ver alguns dos nossos chefes lutarem por seu quinhão (vide José Albuquerque como Conselheiro da Petrobrás) e os libelos dos grupos acima descritos, que tem o efeito de um rato que ruge. Vamos nos contentar com o Bolsonaro vociferando sozinho para uma platéia de deputados desinteressados e abúlicos e fazer de conta que acreditamos que as coisas vão melhorar... que pena!

Agora cresce um movimento em torno de General Heleno, meu velho amigo do Tijuca Tênis Clube e, de longe, a maior liderança atual de Exército, para que o mesmo seja candidato a Presidente. É um delírio total. Será que, pelo menos o nosso estimado, genial e respeitado General Heleno não poderia tentar ser o próximo Presidente do Clube Militar para tentar viabilizar o que o General Paulo Assis tentou? Não sei. Afinal, sou apenas um “rabo de turma”.

Abraços a todos.

Saint-Clair Peixoto Paes Leme Neto – Tenente Coronel Inf QEMA

Coloco abaixo o meu telefone e o meu e-mail para eventuais críticas.

E-mail: saintpl@uol.com.br
Telefone: 8884-9681

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Ata da 1ª Reunião da CNTP em 06 Ago 2004




Luiz Antonio B S Pinto
16 jul (2 dias atrás)

para ....


No ensejo da proximidade da comemoração dos 8 anos das nossas já consagradas Reuniões Mensais, no próximo dia 03 Ago 2012, segue o “repeteco da crítica” da nossa 1ª Reunião no dia meia-dúzia de Agosto de 2004
Forte Abraço
SPinto
Crítica do exercício (aliás, do chope) / 06 Ago 2004.
1. INTRODUÇÃO.
Enfim conseguimos realizar o 1º chopinho do ano. Coisa simples, sem luxo, mas o importante é que aconteceu. A partir das 12:30 h já estavam chegando os mais pontuais. O papo durou até cerca das 18 h.
Registramos a presença do "paulista" Guerreiro acompanhado do filhote Tiagão e o excelente desempenho do Cobra, no controle dos garçons.
2. DESENVOLVIMENTO.
Eis a relação dos 22 participantes:
-Aballo: um dos primeiros a chegar, escoltado pelo Cobra e Arataquinha;
-Angelo: foi verificar a relação dos presente. Gostou;
-Arataquinha: contou, um a um, cada um dos quase quatro mil saltos de pára-quedas realizados. Teve platéia;
-Bactéria: precisa raspar a barba. Parece o Gen Osório. Talvez seja homenagem ao patrono da cavalaria ;
-Batista: veio de longe também.Guaratiba;
-Bichão: outro que veio de longe -S.P D`Aldeia. Além de mergulhador,futuro piloto de avião, foi, também, o nosso fotógrafo da reunião;
-Boita: muito discreto, chegou de terno,2 celulares e Pst na cintura. Contou mil "causos" e distribuiu cartões de visitas, mais de 10 vezes para cada um;
-Cobra: ajudou o Arataquinha a contar as façanhas mútuas no pára-quedismo.Tem sangue de intendente - controlou a conta da galera;
-Frisch: ainda possui a peruca branca mais bonita do Iº Ex;
-Gusmão: veio com o namorado Lamas;
-Guerreiro: parabéns. Veio de S.Paulo com o segurança Tiagão;
-Gonzaguinha: na moita, ficou até à saideira;
-Ismael:depois que chegou não deixou ninguém mais falar. É o ouvidor (falador) da 1ª RM;
-Lamas: veio com o namorado Gusmão;
-Moura: Ótima surpresa. Chegou de repente;
-Mota:Continua tranqüilão. Ri à toa;
-Nilo; para variar, chegou atrasado (disse que estava trabalhando !?);
-Pereira Gomes:verificou se o Angelo também "verificou" a relação dos presentes;
-Piranha: continua fazendo jus ao apelido. Foi paquerar o único coronel fardado que apareceu junto à mesa;
-Raphael: juntou-se à patota da Infantaria;
-Saint-Clair: ficou perguntado a todos, sobre a tintura de cabelo usada;
-Souza Pinto: continua simpático, bonito, elegante e modesto.
A relação acima está em ordem alfabética e qualquer coincidência terá sido meramente proposital.
3. CONCLUSÃO.
O objetivo foi conquistado. A reunião foi excelente,mas pode ser melhor ainda. É possível reunir muito mais gente. O primeiro passo foi dado e agora fica mais fácil. Alguns , na reunião, comentaram que as reuniões poderiam ser feitas em outros lugares. Claro que sim. Porém, creio que, para firmar a rotina, seja necessário aumentar o NB, ainda no CMPV. Depois vale tudo (quase!). Vamos divulgar a próxima Reu. Dia 03 Set 2004, ainda no CMPV. Até lá. Abraços. Souza Pinto (Pimpim)

PS: O TEXTO FOI ESCRITO EM 2004, ANTES DA REFORMA ORTOGRÁFICA. PORTANTO, NELE ESTÃO MANTIDAS ALGUMAS PALAVRAS HOJE MODIFICADAS.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sargento Pécora

Amigos preposos,

Era o ano de l967. Cidade de São Paulo, e eu procurando emprego, morava em uma pensão. Dai que passei em frente a um Depósito Logístico que ficava na Barra Funda em São Paulo e fui direto ao relações publicas e perguntei se havia algum curso em andamento. Sim vários, um deles, AMAN, porque não, e lá fui eu prestar mais um concurso para vestibular, dentre tantos que havia realizado em São Paulo,  USP, Mackenzie, etc. Fui aprovado mas, fiquei no excesso, dai que surgiu o telegrama, era amarelo (rádio), deixando-me a oportunidade para ir para AMAN desde que frequentasse em 1968, o último ano da EsPCEx. Porque não, enfrentei mais esse honroso desafio.
Acontece que para ingressar na Escola  fui obrigado a pagar  uma taxa de CR$ 80,00, que retirei de meu FGTS,  já fui trabalhador de carteira assinada, que você está pensando? não acredita?. Outra lembrança inédita, uma das árvores da entrada principal da Escola, próxima do fuzil da FEB , quem plantou fui eu e o Souza Pinto.   
Acrescento também que eu tenho duas armas, a Azul Turquesa " Engenharia" e a Nobre "INFANTARIA", mas como: fui também soldado de Engenharia no  9º Batalhão de Engenharia de Combate em Aquidauana-MT, em 1965. Lá no BEC, em um dia de atividade operacional estávamos aguardando, à vontade, quando uma tropa comandada por um 3º Sargento recém chegado da  EsSA, ordenou com aquela voz de comandante: " Levanta soldado, a tropa está passando, de pé!, de pé!", era o Sargento Pécora. Após 45 anos estou escrevendo esse depoimento, parece que foi ontem. Obrigado a todos os preposos que me receberam, meus verdadeiros irmãos de armas,
 
Abraço Sirval. Logaritmo 23-328 e 1237.