segunda-feira, 23 de julho de 2012

UMA JORNADA CINCO ESTRELAS


     Amanhecer de sexta feira, seis de julho. Prenúncio de sol, festa de luz, mar azul cristalino e céu de brigadeiro, em justa exaltação à aniversariante Copacabana comemorando gloriosos cento e vinte anos de existência. Para o anoitecer, o palco montado na faixa de areia frontal ao legendário Copacabana Palace antecipava o clímax das homenagens ao bairro, nas apresentações de virtuoses da bossa nova e da MPB, programa requintado para extasiar a alma do mais depressivo poeta romântico. Pela manhã, nem o incêndio de uma loja comercial nas imediações da Rua Figueiredo Magalhães, felizmente debelado sem vítima, ofuscara o alto astral da Princesinha do Mar.

   Isolado o perímetro das chamas e transferido o fluxo principal de trânsito, cedo a Avenida Atlântica sofreria renovados congestionamentos, retardando o percurso motorizado do Posto Seis à Praia Vermelha. Atingir sem percalços a sublime ZReu passara a exigir ágil estudo de situação, executado graças à colaboração do inesperado dupla Art-Prec-QEM Silvano, recém desembarcado no HT via Ponte Aérea, da ZL Vila Madalena para a promissora celebração julina da Nação72. Sob as bênçãos da padroeira Nossa Senhora de Copacabana, decerto vigilante na data festiva, e partidários do Método, após análise minuciosa da missão adotamos a LAç - Desbordar pela Lagoa, a fim de melhor alcançar e ocupar O1/CPMV - cumprindo determinação do Presidente-General Pinpin,  reiterada por telefone no decorrer do trajeto. Enfim, por volta das quatorze e trinta abordamos o Círculo, quase atropelando na porta de acesso interna o já retirante Motinha, dali mesmo se apreciando o inusitado burburinho que no mezanino superior aglomerava confrades, convidados e agregados. Ansiosa ao celular, minha filha Clarisse cobrava o combinado almoço semanal pós-colégio na casa dos avós, aquiescendo em aceitar as ponderações do pai impontual para adiar o compromisso familiar.

    Tremei, céticos, ateus, agnósticos, polemistas, blasfemos de carteirinha: sem menosprezar as demais, logo pairava a sensação de se adentrar reunião histórica, digna de tombamento na condição de bem imaterial da amizade, tamanhos foram os significados nela estampados. A presença honrosa de marcantes instrutores da AMAN, o bombástico mapa da força de 72, 73 em prestigioso side-car, a atmosfera agradável, a luminosidade especial do Portal e a especial magia de animados reencontros emolduravam a confraternização indelével. Ressalvadas iniciativas do Pinpin e confrades vários, era como se os influxos invisíveis do destino organizassem o reagrupamento de velhos e saudosos camaradas, reavivando indestrutíveis liames forjados nos albor es de Resende.

   A Seção de Educação Física, à frente o ilustre Chefe, Cel Paulo Ney, acompanhando-o Cel Soeiro e Cap Israel, demonstrava coesão até nas escolhas residenciais dos ex-integrantes, todos coincidentemente moradores no vizinho enclave urbano da Urca. Sempre elegante e cordial, por mim indagado se refizera contato com o Micelli, o Cel denotou satisfação ao recordar o aristocrático morador de Nova Trento; aliás, da conversa ocorreu-me o insight tardio de o Armandinho ter inspirado grandes levantadores do vôlei nacional, na linha dinástica Bernardinho, Ricardinho, Marcelinho, Bruninho e craques afins, diminutivos no nome porém superlativos nas quadras. Comunicativo e simpático, fácil o Cel Soeiro  enturmou-se nas rodas de bate-papo, onde o Israel transitava com a desenvoltura de suas antigas transposições da escada vertical fixa, na PPM; a bem da verdade, sua memória regredia a pormenores comportamentais de renomados atletas da AMAN, haja vista o albatroz das piscinas, Cleo, futuro bardo dos botecos, às vezes observado em rondas reflexivas nos arredores da Sec Ed Fis, sublimando a árdua rotina escolar.

   Hurrah! Hurrah! Hurrah! bradava a Poderosa através dos Cel Barroso e Cordeiro, irmãos de Arma e vizinhos do Prez Pinpa no tradicionalíssimo feudo cajuti, o que de antemão lhes assegurava natural apreço da Turma. O Cel Barroso, Ten Barrosinho da 2ª Cia CBas, aparentava desafiar as marcas do tempo, preservando quase inalterado o semblante moço dos idos de oficial subalterno; o Cel Cordeiro, do CArt, embora menos familiarizado com os não-artilheiros da TuMMM de pronto a eles se achegou nas recordações de vivências contemporâneas na Academia, curtindo o ambiente de saudável congraçamento reinante no Círculo.

   Do CBas, sua mais perfeita tradução, o emblemático Cel Seixas Marques. Reverentes e descontraídos, seus cadetes pareciam ansiosos por reencontrá-lo, rememorando causos congeladas na memória afetiva desde a juventude longínqua. Autêntico popstar de gerações acadêmicas, recebia afagos dos velhos subordinados em meio às demonstrações de tietagem castrense que se estenderiam durante sua permanência além FCVN, já envolvido o CMPV nas brumas noturnas. Promovido a confrade honorário, o ex-temido instrutor, paciente, divertia-se ouvindo narrativas absurdamente fantásticas, como a do Ismael anunciando à turba incrédula possuir ignorados dotes professorais, segundo ele descobertos quando destrinchava intrincados problemas de Química I e II ao Silvano, nos plantões das madrug adas gélidas do Conjunto Principal. Pasmem: mais estarrecedora ainda seria a reação estranhamente conivente do audaz ArtPrec do QEM ao confirmar, sorridente, as incríveis estripulias fantasiosas do Bocão. Puro CMPV Fields. Forever.   

    Tudo serenado, confesso agora meu indizível temor ao rever o afamado Sierra Mike. Malgrado a poeira do tempo, o inconsciente coletivo de 72 acalentava a suposição ameaçadora de que alfarrábios do insigne instrutor preservassem, intactos, registros de episódios e FOs relacionados a determinados clientes preferenciais do PC/2ª Cia CBas em antológicas horas do pato de outrora. Terríveis pesadelos ressaltavam, via de regra, a figura onipresente do Cad 1234, à época senha cabalística do atual Sr Bac do Milênio, ícone bad boy nos setenta, do qual se suspeitava sobreviver vasta coleção de excentricidades e malfeitos estudantis pendentes de julgamento ou prescrição. Aliviado, ao inolvidável personagem Bactéria, hoje sexagenário virtuoso, pressenti generosa anistia a supos tas dívidas residuais da sua inenarrável folha corrida no Básico; não sem motivo, ele e o distinto infante Dr Boita se esmeraram no papel de anfitriões ao ex-instrutor, enfatizando a fidalguia da Turma. Aliás, imaginei o notável jurista gaudério aferrado ao interessantíssimo processo catártico de crescimento existencial deflagrado na reunião junina, no verbalizar revelações corajosas que desnudam o âmago de suas pulsões primárias.

   Aperitivo da CMPV+8 oficiosa de agosto vindouro, longe a conferência informal superou a Rio+20 oficial. Fato inédito, o convescote acolheu representações de diversos estados e Regiões da Federação. De Minas Gerais, o sensacional duo JF Renatinho e Capellano, hospedado chez Boschetti, na Barra; do glamuroso Condomínio Laranjeiras, de Serra, no Espírito Santo, o aclamado engenheiro-arranjador-compositor LA Cordeiro Dias; da esfuziante Paulicéia Desvairada, o Ícaro VO Toni Silvano. Da charmosa Salvador, Bahia com H, aterrissaria o Steve McQueen soteropolitano Dom Tiziu, cuja ausência justifica considerações à parte; no entanto, o teor singular das circunstâncias impeditivas e o alentado prestígio pessoal do confrade isentaram-no de culpa, deliberando-se registrar-lhe compar ecimento na rubrica presença virtual.  

   Lá pelas dezessete horas, gradual debandada do dispositivo original passou a ser notada. Enquanto alguns convivas retornavam às bases domésticas premidos pelo rush do final de tarde, parte considerável permanecia aguardando a chegada triunfal de Dom Tiziu, do Galeão diretamente para os abraços da galera. Nesta altura dos acontecimentos, derrocava de ponta meu prestígio paterno junto à Clarisse, insatisfeita com os sucessivos descumprimentos das promessas do almoço semanal. O comitê de recepção a Cid Precursor, transformado em comitê de vigília pela aproximação inexorável do anoitecer foi aos pouco se esvaziando, embora às dezoito e trinta ainda mantivesse razoável efetivo.

   Á noite, o arquetípico PO do Baluarte imemorial descortinava cenário de celestial deslumbrância, valorizado nos reflexos resplandecentes de indescritível luar refletido nas ondas plácidas da Praia Vermelha; a excelente sonoridade musical, ao vivo a partir das dezoito horas, espargia brisa romântica capaz de enternecer corações de pedra, inclusive os dos estóicos remanescentes da TuMMM na assembleia memorável: o Silvano, antes compulsado a cumprir a  suprema pena estatutária de oscular no rosto o Boca Falador e dele suportar abobrinhas, no mínimo durante quarenta minutos, declinou de queixas ao elogiar de forma espontânea o castigo inaudito, que doravante propôs seja  remanejado para a lista de recompensas, emocionando e quase levando às lágrimas o hipersensível Ismael. Apoiado em coro de vocalistas inusitado e vibrante, o Cordeirinho caitituou sua lírica versão de Avantes Camaradas, ensaiada em performance desafinada porém entusiasta, pelo alegre comitê de vigília. E  Mestre Tiza?... nada...
    
    Boa música, céu estrelado, lua de tirar o fôlego e intermináveis rodadas de chope patrocinadas pelo Silvano ajudavam a passar despercebido o movimento dos ponteiros do relógio. Depois das sete, o NB dos legionários da resistência ficara reduzido a cinco sobreviventes: Toni Sapinho, Prez Pinpa, Barão Arataquinha, Lobo do Moneró e Dom Obá III. De repente, movidos por surtos involuntários de lucidez conjugal, o imortal maranhense de Vargem Grande e o nobre afrodescendente começaram a manifestar  leves indícios de  preocupação com possíveis interpretações beligerantes das respectivas donas encrencas, perante seus longos afastamentos dos PC; enquanto isso, os demais comissários curtiam o momento como se não houvesse amanhã. Conversa vai, conversa vem, espocavam foto s para o site da Turma e... nada do Tiziu. 

   Ultrapassada a barreira das vinte e duas, admitiu-se que o galã cinematográfico da Boa Terra fizera forfait, sem dúvida devido a forte imprevisto. Sob a liderança do Prez Pinpa e do Premier Arataquinha, a contragosto o comitê informal iniciou a retirada do CMPV. Na Baía, do lado oposto, luzes distantes talvez alumiassem os sonhos da Brigada Nikiti, que na reunião exibira inquestionável poder de arregimentação através do alto percentual apresentado; em Copacabana, talvez o roteiro sonoro das comemorações natalícias estivesse no auge; em Botafogo e Vargem Grande, talvez maridos retardatários viessem a dever explicações convincentes às respectivas filhas e madames. No meio dessas incertezas, a certeza da ausência de Cid Precursor finalmente se confirma va já fora do Círculo, quando graças ao possante celular do Barão todos conseguiram ouvir  o esperado Tiziu, de Salvador justificando o motivo da falta, plenamente aceito.
   Fruto da brilhante cobertura fotográfica do evento, coordenada pelo vascaíno Kbça, relutei no registro destas impressões, temendo ser redundante ao pensar  na consagrada assertiva “uma imagem vale mais que mil palavras”. Peço desculpas aos ocasionais leitores se assim acontecer; todavia, tal qual a beleza atemporal da aniversariante Copacabana, simbolizada na classificação hoteleira do sofisticado Copacabana Palace, a reunião de seis de julho da TuMMM/RJ representa, nos corações e mentes dos seus privilegiados participantes, uma inesquecível jornada cinco estrelas. 

Rio, 22 de julho de 2012

Cad Cav 1039/72, Nilo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Documento Histórico

No ensejo da proximidade da comemoração dos 8 anos das nossas já consagradas Reuniões Mensais, no próximo dia 03 Ago 2012,  segue o “repeteco da crítica” da nossa 1ª Reunião no dia meia-dúzia de  Agosto de 2004.

                                      Forte Abraço
                                                                    SPinto
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 Crítica do exercício (aliás, do chope) / 06 Ago 2004.

1. INTRODUÇÃO.
    Enfim conseguimos realizar  o 1º chopinho do ano. Coisa simples, sem luxo, mas o importante é que aconteceu. A partir das 12:30 h já estavam chegando os mais pontuais. O papo durou até cerca das 18 h.    
    Registramos a presença do "paulista" Guerreiro acompanhado do filhote Tiagão e o excelente desempenho do Cobra, no controle dos garçons.

2. DESENVOLVIMENTO.
    Eis a relação dos 22 participantes:
-Aballo: um dos primeiros a chegar, escoltado pelo Cobra e Arataquinha;
-Angelo: foi verificar a relação dos presente.Gostou;
-Arataquinha: contou, um a um, cada um dos quase quatro mil saltos de pára-quedas realizados. Teve platéia;
-Bactéria: precisa raspar a barba.Parece o Gen Osório. Talvez seja homenagem ao patrono da cavalaria ;
-Batista: veio de longe também.Guaratiba;
-Bichão: outro que veio de longe-S.P D`Aldeia.Além de mergulhador,futuro piloto de avião, foi, também, o nosso fotógrafo da reunião;
Boita: muito discreto, chegou de terno,2 celulares e Pst na cintura. Contou mil "causos" e distribuiu cartões de visitas, mais de 10 vezes para cada um;
-Cobra: ajudou o Arataquinha a contar as façanhas mútuas  no pára-quedismo.Tem sangue de intendente - controlou a conta da galera;
-Frisch: ainda possui a peruca branca mais bonita do Iº Ex;
-Gusmão: veio com o namorado Lamas;
-Guerreiro: parabéns. Veio de S.Paulo com o segurança Tiagão;
-Gonzaguinha: na moita, ficou até à saideira;
-Ismael:depois que chegou não deixou ninguém mais falar.É o ouvidor (falador) da 1ª RM;
-Lamas: veio com o namorado Gusmão;
-Moura: Ótima surpresa.Chegou de repente;
-Mota:Continua tranqüilão.Ri à toa;
-Nilo; para variar, chegou atrasado (disse que estava trabalhando !?);
-Pereira Gomes:verificou se o Angelo também "verificou" a relação dos presentes;
-Piranha: continua fazendo jus ao apelido.Foi paquerar o único coronel fardado que apareceu junto à mesa;
-Raphael: juntou-se à patota da Infantaria;
-Saint-Clair: ficou perguntado a todos, sobre a tintura de cabelo usada;
-Souza Pinto: continua simpático, bonito, elegante e modesto.
    A relação acima está em ordem alfabética e qualquer coincidência terá sido meramente proposital.

3. CONCLUSÃO.
    O objetivo foi conquistado. A reunião foi excelente,mas pode ser melhor ainda.É possível reunir muito mais gente. O primeiro passo foi dado e agora fica mais fácil.
    Alguns , na reunião, comentaram que as reuniões poderiam  ser feitas em outros lugares. Claro que sim. Porém, creio que, para firmar a rotina, seja necessário aumentar o NB, ainda no CMPV. Depois vale tudo (quase!).
    Vamos divulgar a próxima Reu. Dia 03 Set 2004, ainda no CMPV.
    Até lá. Abraços.
                                  Souza Pinto (Pimpim) 

PS: O TEXTO FOI ESCRITO EM 2004,  ANTES DA REFORMA ORTOGRÁFICA. PORTANTO, NELE ESTÃO MANTIDAS ALGUMAS PALAVRAS HOJE MODIFICADAS.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

37 Anos, Eu fui!


Neste último fim de semana, nos dias vinte e vinte e um de novembro, companheiros da reserva, radicados em Fortaleza-CE, brindaram cento e vinte outros companheiros, e nossas esposas, com a mais formidável reunião de confraternização de que já participei ou já tive notícia.
Já, no desembarque, a agradável surpresa de reencontrar ali, no aeroporto, amigos perdendo um dia de praia ou de passeio com os netos, para receber os recém-chegados. À medida que os aviões, vindo dos mais diversos rincões deste país, pousavam, renovava a satisfação de rever antigos companheiros. Uns mais gordos poucos mais magros, bigodes e cabelos brancos; vários, com orgulho, mostrando as fotos ou comentando as gracinhas dos netos, mas todos, sem sombra de dúvida, demonstrando uma enorme alegria por rever amigos dos quais, há muito, haviam se afastado.
E voltam os apelidos, as histórias do dia a dia nas alas e pátios da Academia, dos exercícios de campo, dos instrutores que deixaram suas figuras registradas, pra sempre, em nossas lembranças e dos pitorescos acontecimentos vividos nos quartéis, ao longo de mais de trinta anos de vida a serviço desta nação. Voltam, à lembrança, aqueles que se foram em acidentes ocorridos ao longo do curso, ou que não puderam comparecer à reunião, porque o Criador os convocou, antes, para se reunir com Ele.
O trabalho dos integrantes do Comitê Gestor e de suas esposas foi excepcional: traslado do aeroporto até os hotéis, para os diversos eventos, "city tour" e compras, coquetel e jantar no melhor clube da cidade, almoço em churrascaria, jantar com show humorístico, camisetas com o logotipo da reunião e a gentileza com as senhoras, na forma de uma almofada bordada com motivos regionais. Que organização primorosa!
Juntando-se a organização, a alegria de rever os amigos e a, natural, beleza da capital do Ceará, a conclusão é que o encontro foi um sucesso e, o fim de semana, um dos melhores que já tivemos.
Alguém de fora, que não tenha uma vivência similar à nossa, poderia se perguntar: que sentimento é este, que fez com que pessoas deixassem seus afazeres diários e mudassem, totalmente, as rotinas de suas vidas, durante quase sete meses, sem visar nenhum tipo de ganho pessoal, apenas para ter o prazer de ver os amigos reunidos? Que loucura é esta que fez com que cerca de duzentas e quarenta pessoas se deslocassem de suas cidades, de seus estados, apenas para participar de um coquetel, de um almoço e de um jantar com show de piadas?
Mas a resposta é a mais simples possível: amizade. Amizade que gera a camaradagem e que nos dá um sentimento de união e de orgulho, por fazer parte de algo muito maior do que cada um de nós. Amizade, que chega até a extrapolar a nossa e contamina nossas esposas e filhos.
 Podemos estar à paisana, cuidando dos netos, ou exercendo atividades remuneradas. Podemos cultivar a barba, deixar o cabelo crescer, ou botar brinco e colar de contas, mas duvido que não voltemos nosso olhar, com respeito, para uma tropa em forma, ou não nos empertiguemos (ainda que aquela "dorzinha" na coluna possa atrapalhar), quando vemos uma Bandeira Nacional sendo hasteada em uma solenidade.    
É isto que nos torna diferentes.

Rio de Janeiro, 23 de novembro de 2009.

DIETA

Resolvi fazer uma dieta, aliás, “resolveram” que eu ia fazer uma dieta. O peso está uns vinte e poucos quilos acima do “esteticamente” correto, a pressão e o colesterol estão meio altos, o joelho já está começando a dar sinais de fadiga e os calcanhares estão me lembrando, à toda hora, daquele salto que dei, como tenente, em uma demonstração, sem caixa de areia em baixo (o que eu só percebi na “aterrisagem”).
E cheguei à conclusão que não é por acaso que a gente vê, nas reportagens a respeito das agruras do povão brasileiro nas filas do SUS, aquelas pobres senhoras bem nutridas reclamando dos atendimentos, da falta de médicos e outros sofrimentos que o nosso povo passa no “paraíso petista”. É que pobre não pode fazer dieta.
A primeira coisa me disseram é que, para emagrecer, eu tinha procurar uma nutricionista. Tem nutricionista no SUS? No SUS mal tem médico, como é que vai ter nutricionista?
Mas procurei e achei uma, por sinal, excelente (quem quiser, é só pedir que passo o telefone). Após a anamnese, pesagem e medida do tamanho da “circunferência”, veio a primeira recomendação: “o senhor tem que comer de três em três horas”. Como é que pobre pode comer de três em três horas ?
Imaginem se o Severino pode parar, no meio do expediente, lá no décimo andar do prédio em construção e pedir para encarregado, a cada três horas: “Chefe, vou dar uma paradinha aqui na concretagem e dar descidinha pra pegar uma barrinha de cereal na marmita, por que a minha nutricionista falou que tenho que comer de três em três horas”.
A primeira reação do encarregado, sem dúvida, vai ser olhar o pobre meio de esguelha e pensar: “nutricionista, barrinha de cereal no meio da concretagem? Ih!! Sei não, o cabra pirou.” E, depois perguntar: “o que é que há, Severino, não 'tá passando bem? O café da manhã da empresa 'tava ruim? Dá pra parar a concretagem não."     
E fico imaginando o pobre do Severino, na véspera, orientando a Claudineide (filha do Seu Cláudio com a D. Neide) a montar a marmita:
- Severino: vamo lá, Neidinha, vamo organizar a marmita, que amanhã vou começá a dieta. Separa aí: duas porção de carbo....”
- Claudineide: carbo o quê, Se (“Se” é o modo carinhoso como a “Neidinha” trata o Severino)? Diabé isso?
- Severino: ah! A Dra. falou que é macarrão e pão.
- Claudineide: tá certo,  botei. Que mais?
- Severino: bota feijão e arroz, mas sem farinha. Tem uns legume colorido aí?
- Claudineide: só tem verde, couve e xuxu.
- Severino: tá certo, bota. E o que é que tem de carne ?
- Claudineide: carne tem não, vai um ovo frito?
- Severino: ih, não pode ter nada frito.
- Claudineide: então tu vai levá ele cuzido.
- Severino: a gente tem azeite extra-virgem em casa, Neidinha?
- Claudineide: olha, Se, virgem, aqui em casa, por enquanto, só a Arienne (neta do Seu Ariosvaldo e D. Marlenne, pais de Severino), que só tem onze ano, mas do jeito que ela anda se assanhando com os menino da lá boca, sei não, logo, logo tu vai sê avô. Ah, e as banana dágua, vai as duas?
- Severino: não, Neidinha, bota uma só, que só pode ter uma fruta. Eu tenho uns trocado aqui e vou passá lá na venda pra comprá umas barrinha de cereal pro lanche.
No que a Claudineide olha pra Severino meio de esguelha e pensa: “lanche, barrinha de cereal? Chiii! Que será que a dotôra fez com esse hômi?”
E vão dormir logo depois da novela, porque, no dia seguinte, tem batente. Mas Claudineide, preocupada com aquela estória de “lanche e barrinha de cereal”, dá um jeito de se mexer na cama de noite e verificar se “'tava tudo bem com Severino”. E “'tava”...

Rio de Janeiro, 19/06 /2012.
Jorge Bastos

domingo, 1 de julho de 2012

O P...AMIGO, OU O AMIGO P... ?

Ora, ora, camaradas, eu imaginava possuir amigos sérios
Embora sabedor da sujeição a sarcasmos e despautérios
Jamais antevi a desdita, de aparência atrapalhada na fita
Depois de propor à Assembleia o prestígio de ilustre visita

Lembrei-me dos bondes de outrora, aqui no Rio de Janeiro
Que propagavam excelsa saúde, à vista de belo tipo faceiro
Estampavam reclame afamado - Salvou-o Rum Creosotado-
Também almejo bálsamo igual, tanto estou sendo ironizado

Palavras deflagram guerrilhas, paixões, ou inefável armadilha
Mormente quando apropriadas nas garras de pueril camarilha 
Afoitos, imitam matilha, na frente alardeado lorde africano
Que a malta incita insano, vil, encanecido e escolado decano 

Ingênuo, fiz do verbo armamento a reverberar soneto sutil
De risos, bazófias, lorotas, chacotas, matraquear de fuzil
Distorcem sentidos, indícios, sintomas, dizer consagrados
Visam a inquietar-me a mente, desejam-me ver tresloucado

Capitular, isso nunca farei, nem agora nem mais adiante
Pois muito me orgulho da condição de combativo infante
Desses que a faca incorpora fácil aos dentes, premente
E vigor empresta aos gigantes, altivo no afã de tenente 

Menosprezo concordâncias, palavras, emprego de verbos
Perante alegre sentimento a rever companheiro fraterno
 Expressado em elogiavel atitude, raramente agora se vê
Mal interpretada no confrontar, o P...amigo ao amigo P...

Esclareço, de fato aludi a peculiar e antigo P...respeito 
Capaz de a idade fazer transbordar em legítimo preito
Surgido graças aos sonhos e lida de juventude inaudita
Em formaturas, pistas, lançamentos, disputas renhidas 

Desvendo-me alterego do caro Arataca, autor do convite
Ao valoroso instrutor, fama perene, não há quem o olvide
Sempre atuante, líder natural desde os tempos de menino
Além da inquestionável, nobre virtude de grande vascaíno

Prossiga, jovem Ayrton, nesta iniciativa de teor estupendo
Cuja  elegância equivale a afetivo e  extraordinário aceno
Extrapolando regras gramaticais, meras conexões sofismais
Que pouco valem, se comparadas a admirações batismais.

Nilo/Cav - Rio, 01 de julho de 2012