quinta-feira, 13 de setembro de 2012

MEU ESTIMADO SAMURAI


  1954. O Japão, ainda sob cruel devastação provocada pela derrota na 2ª Guerra Mundial, espelhada na dupla hecatombe atômica de Hiroshima e Nagasaki, reconstrói-se e assinala o soerguimento que o transformaria, em poucas décadas, numa das principais potências econômicas planetárias. Naquele ano distante, a história da sétima arte registraria o lançamento de um clássico incontestável: Os Sete Samurais,  de Akira Kurosawa.  
   Além de Kurosawa na direção, o filme projetaria ao estrelato cinematográfico mundial os atores Takashi Kimura e Toshiro Mifume.  Do enredo, de temática retroativa ao século XVI numa aldeia de lavradores do período Sengoku, avultam simbolismos que extrapolam fronteiras de tempo e lugar, expondo universalidade de sentimentos inerentes à condição humana: idealismo, liderança, medo, fé, paixão, ódio, aceitação, bravura, solidariedade, tradição, rejeição, perspicácia, resignação e morte. 
   Exaustos da costumeira rapinagem de suas propriedades, familiares e produção agrícola, os aldeões decidem recorrer à intermediação do samurai aposentado Kambei, para contratar guerreiros que os protejam dos malfeitores armados. Após árduo trabalho de recrutamento, incluindo cooptação de combatentes desacreditados, os ronins, e treinamento de neófitos voluntários, consegue ele arregimentar seis companheiros, os quais lutarão sob seu comando e adestrarão os camponeses nos previsíveis enfrentamentos contra os salteadores, que não tardam a acontecer. No emprego judicioso da surpresa, aliado à criatividade guerrilheira, os samurais exterminam a bandidagem, deles restando apenas três ao final das refr egas, inclusive o  mencionado Kambei.
   Kurosawa, admirável construtor de tipos psicológicos, potencializa a expressão de múltiplos arquétipos no decorrer da trama, a partir da milenar pujança cultural japonesa, permeada por referências implícitas à capacidade de autodefesa e reconstrução nacionais diante de saqueadores e invasores históricos, até nuances comportamentais singelas. Autêntico compêndio psicossocial, o filme tem no personagem magistralmente interpretado por Takashi Kimura o elo condutor de uma narrativa que culmina numa reflexão do velho samurai, a traduzir o seu significado mais eloquente, logo após a retumbante vitória dos sete guerreiros medievais sobre o bando de aproximados quarenta meliantes.
   Kambei, inteligente e sensível, malgrado a irretocável missão finalizada chora as mortes dos seus, quando conjectura ser a conquista exclusiva dos lavradores: ao refletir, considera tanto bandidos quanto samurais perdedores, pois a violência, a serviço do Bem ou do Mal, veicularia vírus de irrazoabilidade congênita contrário à celebração de vida e paz explicitada no trabalho edificante dos habitantes da aldeia, na semeadura produtiva da lavoura de arroz. Semana passada, ao rever a magnífica obra do extraordinário cineasta melhor percebi o viés interpretativo de Kambei e pus-me também a refletir sobre o refinamento da sensibilidade, que há tempos perscruto em modernos samurais conhecidos.
   A maturidade, antessala crepuscular da senectude existencial de parte da Humanidade, geralmente suaviza condutas e enternece corações supostamente empedernidos, mutação comportamental bem notória na ambiência militar, cujas rigorosas demandas institucionais não raro conduzem a posturas sisudas e ao cultivo de personas rígidas e inflexíveis. Compreende-se não ser alentador à imperativa consecução dos tradicionais OII dos PP conduzir-se a instrução, em qualquer nível, de maneira trêfega, escrachada ou envolta em delicadezas estranhas ao manu militari, centrado em atividades de risco, na superação de vicissitudes, no sacrifício próprio, no fortalecimento do corpo e da mente; igual validade se aplica ao cotidiano, no exercício das atribuições hierárquicas e funcionais.  A mística do Ferro e Aço, Fogo e Balaço, lema genial consagrado pelo excelso guru Ivus Salvanyus mostra-se inadequada a rostinhos angelicais, vozes sussurrantes e personalidades cambiantes.     
   Entretanto companheiros há que exacerbam no culto às respectivas personas profissionais, tornando-se quase caricaturais. Encarnam carrancas medonhas plasmadas pela obssessiva seriedade artificial, assumem expressões faciais enfadonhas das quais permanecem reféns, personificando os chamados “narizes cheiradores de ratos”, municiadores involuntários de tipos cômicos aos alegres shows do recalque das escolas militares, exalando autossuficiência mórbida capaz de emparedá-los no domínio do ridiculamente antipático. Todavia, mesmo a esses xiitas da imagem postiça a moderação das veneráveis cãs reserva o beneplácito da salvação, o que venho testemunhando satisfeito.
    Simpáticos, agradáveis e acessíveis, ora vejo ex-comandantes carrancudos, ex-instrutores intragáveis, ex-companheiros trombudos, ex-subordinados insuportáveis transmigrados em perfeitos gentlemen aristocráticos da velha Albion, sem dúvida graças aos efeitos mágicos de varinha de condão da maturidade redentora e ao distanciamento compulsório dos quartéis. Redescobrem o valor de emoções pueris como o mais simples dos mortais, riem com naturalidade, curtem a despreocupação afetuosa dos pequenos grandes momentos, lacrimejam das pieguices noveleiras, até mesmo dos golaços e furadas bisonhas dos times de coração. Bregas ou não, voltam a ser gente como a gente. Gentileza ainda que tardia, parece ser o brado retumbante dos que reconquistaram a identidade própria, sem receio de censuras vãs ou patrulhamentos descabidos. Ótimo!!!
   Há, no entanto, samurais na melhor acepção da palavra que sempre perfilharam a cordialidade na conduta pessoal. Sem arroubos, elegantes, discretos, desprovidos de marketing e propaganda, talvez assim explicada a solidez de suas reputações individuais, porquanto abrigadas sob o manto  indestrutível da sinceridade espontânea.  Conheço muitos, aos quais aqui rendo homenagem devida na figura de eminente confrade da Turma, do qual as circunstâncias mundanas pouco nos aproximaram em mais de quatro décadas.
   Jamais fomos companheiros de pelotão, ou de companhia, no Curso Básico da AMAN; escolhemos Armas distintas, nunca servimos próximos, nem compartilhamos outros bancos escolares durante nossas carreiras. Apesar de tudo nos separar, externo convicto meu elevado apreço ao inspirador deste texto, fruto de percepções sutis a esta altura do campeonato cristalinas, amparadas em indícios consolidados pela perspectiva temporal.  Se Deus está nos detalhes, segundo reza o credo minimalista, a justa apreciação da subjetividade alheia deriva de gestos quase imperceptíveis, na fina captação de atitudes distraídas que desnudam a alma exposta, indefesa e verdadeira de quem se observa.
   Bem amigos, do samurai de gentileza afiada desde a juventude citarei apenas dois episódios definitivos. O primeiro, ainda cadete, quase aspirante, está ao alcance da Turma na Revista Agulhas Negras de 1972, no sopé da página terminal da Artilharia. Lá, num preito de profunda emoção, eternizou necrológio ao saudoso Galdino, companheiro dileto que tão cedo se foi, bruscamente apartado da vida. O teor, que me abstenho de reproduzir por considerá-lo inseparável do contexto memorial-afetivo da RAN, retrata a rica sensibilidade do redator na lembrança sentida do amigo desaparecido, do qual - Choramos saudades suas... - nas palavras iniciais da bela homenagem póstuma.   
   Noutro gesto público, já no alvorecer deste 2012, inspirou-me  a perpetrar a Visão de Brasília, poemeto sofrível porém honesto, onde o enalteço e ao Ribas, os dois mantendo bem elevado o astral da Nação72 na Capital Federal à época do inesquecível Encontro sobre as Ondas.  Se dúvida persistia, enfim desvendo o segredo da identidade do nosso personagem.    
   O Arakaki,  o gentil e guerreiro Arakaki é o meu estimado samurai, representante acabado dessa espontaneidade d’alma que a tantos assoma na Turma e nele encontra perfeita tradução. Tal qual o Kambei de Kurosaswa, no antológico Os Sete Samurais, a ele reverencio pela cordialidade desinteressada, amizade sincera e sabedoria proverbial  transparentes nos detalhes divinais do seu comportamento exemplar.    

Rio, 11 de setembro de 2012
Cad Cav 1039/72, Nilo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O ALTEREGO


MANUAL DE APOIO
(ANTEPROJETO)
                                             CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
  Cada indivíduo, mesmo o alienado de carteirinha  GIR/IFP, dispõe de uma personalidade step, o chamado Alterego, ao qual o caráter autônomo autoriza transitar com igual escantilhão comportamental do Ego, sem restrição.  
   Pesquisada a crescente valorização do fenômeno alterego (alter) no século XXI, particularmente na Turma72, restou patente o imperativo inadiável de serem popularizados aspectos e noções de convivência envolvendo as diferentes instâncias psicológicas (psi), intra e interpessoais da afamada tribo castrense. Eis a destinação prioritária deste Anteprojeto de  Manual.
                         CONCEITOS  FUNDAMENTAIS
EGO –  Instância  notória da personalidade, responsável direta pelo comportamento humano, a parte explícita do Ser perante os semelhantes e  si próprio. Sinônimo: Eu.
ALTEREGO – Ego alternativo, ou ego step,  sempre ao nosso lado e ao  inteiro dispor, apesar de oculto e frequentemente ignorado pela maioria dos mortais. De visceral importância ao primado da sinceridade, é incorpóreo. Sinônimo: Outro Eu.
CONFLITO DO EGO – Disfunção caracterizada pela indistinção do verdadeiro Ego. Muito observado em soldados-bacharéis, ou bacharéis-soldados, via de regra indecisos perante a prevalência do pólo de dualidade profissional  a ser manifesto.   
CONSISTÊNCIA DO EGO – Expressa a estabilidade temporal das convicções pessoais. Ilustrada pelos que jamais trocaram de time, e sobretudo  de mulher do coração. Jamais confundir com cabeça-durismo ou teimosia, corolários reprováveis.
EGÓLATRA –  Partidário, cultor  habitual da egolatria.
EGOLATRIA – Adoração excessiva do ego, autossuficiência patológica e insuportável,  também conhecida como Síndrome do Eu me Acho. Geralmente atinge jovens FEs, recém aprovados na ECEME, integrantes dos QAM nos estágios superiores da carreira, bacharéis-soldados e consultores em amenidades.
EGOTRIP – Viagem prazerosa pelos desvãos do inconsciente, expressa na verbalização de sonhos adormecidos. Popularizada pelos antigos ripongas  psicodélicos do Flower Power, viceja nas tardes oníricas do CMPV, onde rapazes eufóricos proclamam sem culpa e sem medo fantasiosas menções MB, saltos aeroterrestres fantásticos e prêmios de melhor  cavaleiro acadêmico.   
EGOTRIPPER – Viajante de egotrip, quando abrigado sob o portal mágico da Praia Vermelha. Embusteiro, megalômano ou mentiroso, quando fora dali. Sinônimo: Sonhador.
LOGORRÉIA – Compulsão discursiva para proferir incontrolável torrente de abobrinhas. Exclusiva no formato oral, tem no Boca o seu czar, embora possa contagiar alteregos insuspeitos.  Mais aguda,  duradoura e patológica, porém menos abrangente que o bostejo, verbal ou escrito. 
PERSONA – Raiz psi da imagem, individual ou institucional. Ao contrário do que muitos pensam, não foi invenção do mago Hitchcock. Objeto supremo da faina marqueteira, nos tempos modernos adquiriu valor místico para socialites, celebridades BBB, mercado empresarial, políticos, mensaleiros, impostores, peladeiros, fauna artística e afins.  
RADICAL DA OBJETIVIDADE – Incapaz congênito para perceber a diversidade enriquecedora da condição humana. Xiita inflexível da razão pura, abomina filósofos, pensadores, poetas, digressores, logorréicos e bostejadores. Original Idiota da Objetividade, na etimologia nelsonrodriguiana, a presente expressão light  visa a facilitar-lhe a compreensão devida de suas percepções restritivamente obscuras. 
SUPEREGO – Instância psi controladora das pulsões primárias, ou instintos. Exerce papel crucial na pasteurização das atuais relações sociais, via a hipocrisia do politicamente correto. Evita Dom Obá III invocar entidades afro-tribais furibundas quando fustigado, ou confrade empolgado, distraído e overjoyed oscular a boca do Boca numa sexta-feira festiva. Sinônimo: Supereu.
 DEVERES E DIREITOS DO ALTEREGO
I.                    São deveres do Alterego:
a.  Apreender com maestria as preferências, características, idiossincrasias, espúrias e taras diversas inclusas, desejos inconfessos, broncas pessoais, traumas de infância, culpas, atos heróicos e hediondos, idolatrias, paixões esportivas, planos vingativos, inquietações, fantasias romântico-sexuais, senhas de acesso à conta bancária sigilosa e poupança, agenda telefônica, mapa astral, romances, frustrações pendentes de solução, safadezas dissimuladas, gostos culinários, maquinações sin istróides em gerale demais minudências do Ego.    
b.  Respeitar  a intimidade e os sentimentos do Eu. Sempre ter em mente representar aquilo que ele, tolhido pelo Supereu castrador, jamais divulgaria ao mundo, receoso de admoestações, sanções e reprimendas severas.
c.      Proteger o Ego de retaliações, vinganças, mandingas, processos, emboscadas, ações judiciais e correlatas, valendo-se da imunidade opinativa advinda da inimputabilidade legal de sua conduta.
d.  Conhecer e reverberar  com  franqueza alarmante, sendo inimputável, os xingamentos, solapas, desabafos solertes e a vastidão de possíveis delitos de opinião do Ego, capazes de conduzi-lo às barras dos tribunais.
e.     Burlar com engenho e arte o ofício do Superego, impedindo-o de controlar o Eu em suas manifestações mais autênticas.
f.  Cooperar para elevar a autoestima e o prestígio social do Ego, manifestando-se com propriedade e correção em público, notadamente nas ocasiões em que pressentir iminente derrapada do preceptor.   

II.                   São direitos do Outro Eu:
a.   Expressar-se sem autorização do Eu, sem falsa modéstia e na plenitude de suas aptidões irreconhecidas.
b.      Falar, escrever e realizar tudo que o Eu gostaria de assumir e refuga.
c.       Ser existencialmente incorreto.
d.      Azucrinar a cabeça do Superego.
e.      Inimputabilidade ampla, geral e irrestrita, não podendo ser alcançado, o Ego menos ainda, pela mão implacável da Justiça, inclusive a do Juízo Final.
f.   Imaterialidade existencial, que associada à inimputabilidade o isenta da morbidez de tocaias insanas.
g.     Triplex na orla de Ipanema, mansão em Búzios, flat no West Upper Side, apê na Rive Gauche, bangalô no Turano e cafofo no Alto Babilônia.
h.   Discografia completa de Wilson Batista, Mário Reis, Orlando Silva, Djalma Ferreira, Luiz Antônio, Billie, Ella, Sarah, Bird, Cole Porter, Gershwin, Sinatra, Miles Davis, Chet Baker, Bossa Nova, Sambalanço, Nelson Cavaquinho, Tom, Noel e Pixinguinha.
i.        Filmografia completa de Carlitos, Hollywood anos 30 a 50 e a  Nouvelle Vague inteira.
j.    Tocar sax na Orquestra Tabajara, aprovação no draft da NBA, presidir o Gigante da Colina.
                            COMENTÁRIOS ADICIONAIS
   O Alter, antes de tudo, é um forte. Saiu do armário sob incentivo do Dr Sig Freud, neuropsiquiatra terceirizado do SUS durante décadas morador na animada cabeça de porco da  Rua Berggasse 19, próxima aos Arcos da Lapa, e de lá botou o pé no mundo. Teve de suas manifestações mais extravagantes na figura alternativa de Madame Satã, metade do ano feroz operário MMA,  metade seguinte fervoroso entubador  de palmeiras do Mangue.      
  Dr Jekyll e Mr Hyde, Dorian Gray e Brás Cubas, alteregos de selecionadas safras literárias universais,  exprimem à perfeição a dualidade intrínseca aos seres humanos, provocadora de  sobressaltos aterradores na lógica perceptiva das afetividades vizinhas.  Basta observar a conduta alternante senoidal de estimados confrades a se comprovar a tese do Outro Eu Absoluto. Aqui, simultâneos, guerreiros e poetas; ali, combatentes e profetas; acolá, confessores e predadores; adiante, cientistas e piadistas, num oceano de paradoxos individuais a confundir mais do que esclarecer a vã psicologia claudicante.          
  No seio, perdão, da veneranda Turma, Bac do Milênio e Bac do São Jorge espelham a extraordinária antítese  médico e monstro das profundezas da natureza humana. Enquanto o primeiro seduz pelas análises sóbrias, elegantes e pertinentes, embora o ranço tricolor, o segundo, após brevíssima aparição desastrada, recolhe- se a silêncio sepulcral, consequente de fanfarronices exacerbadas diametralmente opostas à aparente sensatez de Bac do Milênio.   Arataquinha, pqd ex- atleta, Barão Vargem Grande eminente poeta;  Boca, falador, Ismael ouvidor; Barcellos, às da Infantaria, Boita, perú de Cavalaria; Salvany vibrador, Dame rran pensador; Cléo, vate pé-sujo, Saint-Clair homem culto; Ivan, framenguista, Dom Coco, multiartista; Dr Peres, bacharel, Peres Cobra, skynalha do céu, são retratos aleatórios da infindável gama de inenarráveis clássicos psis, Egos vs Alteregos.    
 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS
   Além de fortes, os Alteregos são conceitualmente irresponsáveis, imprevisíveis, brincalhões e descompromissados com a realidade lógico-factual. Por definição incorpóreos e inimputáveis, têm licença para navegar no domínio da pura metafísica, sem de todo desvencilhar-se das garras do Supereu, que os marca homem a homem. Ariscos, dribladores e provocativos, ocupam faixa intermediária de conduta, localizada entre as porralouquices épico-vanguardistas de um certo Capitão Garance e a rigidez perceptiva dos Radicais da Objetividade. 
  Egos, de per si, podem gerar número indeterminado de Alteregos, mandando o bom senso limitá-los a três, conforme relatórios de pesquisas validadas. Exemplifique-se o Ego Dom B, que ao cadastrar o quarto Outro Eu, o nefando Bac do São Jorge, teve o desprazer de vir a público amenizar lambança virtual do replicante excedente. Reza a popular sabedoria minimalista que o Alter é igual mulher: less is more, i.e, se um (a) já dá trabalho, imagine dois (duas), ou mais.                   
  Este anteprojeto de manual, minutos de sensaboria, bula, estatuto, script besteirol ou livreto burlesco, submete-se a elogios, espontâneos e comerciais, críticas, correções, supressões, adições, menosprezos, apagões e deleções, parciais ou completas. Na verdade, só pretende sustentar que o Alter, Phd na onda  do vaivém, também é um rapaz de bem...
Rio, 06 de setembro de 2012
Dom Obá III, resignado, realizado e risonho com a  vidinha de Alterego profissional.

domingo, 2 de setembro de 2012

A BÚSSOLA E AS COMEMORAÇÕES DOS 40 ANOS DE AMAN.


     A reportagem do programa “Globo Repórter” de ontem, dia 06 de julho de 2012, foi direcionada a saúde do cidadão. Tratou da importância de determinados alimentos no cardápio daquele que, no globalizado mundo atual, prima pelo politicamente correto e deseja contribuir para que o cidadão explore toda a potencialidade existente nos frutos, verduras, legumes e plantas da terra. Terminado o programa, eu e Clara decidimos que iniciaríamos o dia seguinte adquirindo determinados alimentos. Já estávamos acostumados à prática de comer castanha do Pará, pistache, tâmaras e nozes, como reforço alimentar com finalidades específicas. É claro que, se é bom para a saúde e o gosto é suportável, tudo bem. O local que adquirimos esses alimentos mencionados é uma banca na “Feira do Paraguai”. Preciso esclarecer aos amigos que não serviram ou conhecem Brasília que essa feira não está situada no país amigo do sul. Trata-se, na verdade, da Feira dos Importados, aprazível lugar para a aquisição de bugigangas e alguns equipamentos de informática de excelente qualidade e preço inferior ao mercado. Ali, é possível esbarrar numa autoridade do governo federal, cruzar com um desembargador, com membros da área de segurança pública federal ou companheiros de farda. Mas, tudo na calma e tranquilidade que somente a capital pode oferecer. É verdade que vez por outra a receita federal realiza algumas operações e derruba meia feira, No dia seguinte, as barracas estão abastecidas de aparelhos e equipamentos que fazem a alegria de pais e filhos, jovens e idosos. Portanto, dúvida sanada a respeito do local, deslocamo-nos para a citada feira. Lá chegando, antes de realizar as compras para colaborar com a boa saúde, acompanho a Clara na busca de determinado enfeite para o nosso lar. Enquanto ela entra na loja, fico observando os transeuntes e constato que os chineses ou coreanos tomaram conta das barracas e do comércio. A transformação é recente e já foi motivo de várias reportagens na mídia de Brasília, De repente, vejo um objeto na bancada da loja de uma chinesa ou coreana. Não posso acreditar que seja uma bússola M1-A1. Olho desconfiado. Procuro aumentar a área de reconhecimento e sentencio: é a própria. Aproximo-me e pergunto o preço do equipamento de orientação rudimentar. A proprietária responde: quinze reais. Não acredito que estou tendo a oportunidade de adquirir uma bússola M1-A1. Penso que pode ser um similar “paraguaio” ou um “made in China”. Decido não comprar. Enquanto isso, o meu pensamento se volta a quarenta e tantos anos atrás. Mais exatamente no ano de 1969. O cadete do 1º Ano do Curso Básico volta a lembrar das jornadas de maneabilidade no Carrapicho e na Pista Rondon. A perda de uma bússola tirou o descanso de vários companheiros. Inicialmente, a busca frenética no sábado e domingo, auxiliado por verdadeiros amigos, a procura de uma agulha no palheiro. Como encontrar uma bússola naquela imensidão de lama e água, era a questão. O esforço, geralmente, não era recompensado. Depois, o temor de uma punição e responder a um IPM por perda de material bélico. Como tenente ou capitão, a pressão continuava. Após um exercício de campo ou manobra, a falta da famosa bússola requeria a instalação de um IPM. Se não era para responder o dito cujo, a missão de encarregado também cobrava a sua parcela de sacrifício. Tudo por causa de uma reles bússola. A existência de um parente ou amigo nas empresas aéreas que se deslocavam para os EUA era comemorado como final de Copa do Mundo. Ele poderia trazer o equipamento e solucionava a questão, muitas das vezes. Quanta angústia e sofrimento por um equipamento que hoje vejo a venda por míseros quinze reais. A missão é comprar as nozes e demais alimentos, portanto, esqueço a bússola e desloco-me para a barraca da saúde e da qualidade de vida. Adquiro os alimentos e tenho a nítida impressão que, com esse gesto, vou salvar o planeta e aumentar meus anos de vida. Saio da feira e o pensamento está na bússola. Na volta para a casa, decido passar na loja que vende material para os militares em Brasília. Tudo legal e de acordo com os regulamentos. Lá, entre outros equipamentos, encontro a bússola. Agora, não tenho dúvidas, esse equipamento é oficial e posso adquirir. Pergunto o preço e a vendedora responde: vinte reais. Vou levar uma bússola. É preciso colocar na página da MMM, na internet, a fotografia da bússola que comprei. Se não, como o meu amigo Rabuske (Cav), lá na sua Santa Rosa/RS, vai acreditar.   





Simões Junior

sábado, 1 de setembro de 2012

SALVE TOMÁS COELHO, OS CM E AS FFAA - Angelo

Amigos, dias atrás recebi, nascido ungido na verve escorreita e sagaz do Dom Obá III, o texto abaixo, guardei-o e eis-me aqui aproveitando-o.
Tece Dom Obá III loas aos CM e às FA ante o resultado do ENEM/2012, nós já sabemos que a Centenária casa de Thomaz Coelho e suas irmãs, ela mesma nascida em "um clima de declarada desconfiança, antipatia e animosidade que lavrava entre a oficialidade militar de terra, o governo civil e a classe política" (extraí do site do CMRJ: http://www.cmrj.ensino.eb.br/, em Concretização de um Sonho, Histórico), como de resto todas as outras escolas militares, respeita o seu aluno e, acima de tudo, sabe o que ele significa para a Nação por isso não tergiversa na busca da perfeição do ensino em seu ambiente, nós já o sabemos e o povo também, mas há quem não o quer e avança na tentativa de denegrir.
Passeia Dom Obá em seu texto e ao final, lá estão, indicados na forma moderna de comunicar, não mais cartas, telegramas ou bilhetes, dois links que nos levam a um telejornal nacional; é necessário ver os dois, especialmente aquele em que o ex-aluno Rodrigo Pimentel procura mostrar as razões do sucesso do modelo de sua antiga Escola, sem conseguir disfarçar a surpresa diante do ataque vilipendioso do suposto jornalista (travestido ali talvez em pedagogo frustrado ou renegando sua infância em que certamente lhe foi exigido disciplina, ordem e respeito dentro da escola e no cumprimento de suas tarefas). Sabemos todos que o tempo nesses telejornais é medido por segundos, mas a jornalista Renata (ela, acho, também surpresa) ao falar procurou trazer o tema para o sucesso expresso na evidência simples do resultado mais que positivo; tentou reduzir o dano da intervenção agressiva de quem, como diriam nossos avós, estava "misturando alhos com bugalhos".
Mas qual o motivo destas minhas palavras? Segue. Hoje à tarde, sabedor de que mais alunos de Colégios Militares estariam no "Soletrando" dediquei-me a assistir e, novamente, mais um finalista é aluno de CM: agora os três o são (e só poderiam ser três), o de Porto Alegre, o de Recife e o de Salvador. 
Ora, o que dizer agora se é assim há mais de cem anos. Diante disto questionei-me: será que as associações de ex-alunos dos Colégios Militares, elas entidades civis que congregam milhares de civis presentes nas mais diversos segmentos de nossa sociedade, perguntaram ao âncora do telejornal o que lhe motivou o ataque furioso contra todos aqueles que um dia estudaram nos CM que, na visão dele, hoje são resultado de um modelo pedagógico ineficaz ou equivocado não interessando o sucesso que tenham alcançado. Talvez lhe perguntaram se teria servido de motivação a frustração? a desinformação? a inveja? a escuridão da ideologia?
Talvez o silêncio delas venha de tudo o que lhes foi ensinado, nada melhor do que mostrar-lhes o nosso resultado.
É isto amigos, assim seguimos nós, os militares e os que um dia formaram entre nós ou em nossas escolas, nosso resultado: nós o mostramos para a Nação.
Abraços, Angelo, EsPCEx - 66/68

PS: quem não viu, veja no link - importante ver os dois.