A reportagem do programa “Globo
Repórter” de ontem, dia 06 de julho de 2012, foi direcionada a saúde do
cidadão. Tratou da importância de determinados alimentos no cardápio daquele
que, no globalizado mundo atual, prima pelo politicamente correto e deseja
contribuir para que o cidadão explore toda a potencialidade existente nos
frutos, verduras, legumes e plantas da terra. Terminado o programa, eu e Clara
decidimos que iniciaríamos o dia seguinte adquirindo determinados alimentos. Já
estávamos acostumados à prática de comer castanha do Pará, pistache, tâmaras e
nozes, como reforço alimentar com finalidades específicas. É claro que, se é
bom para a saúde e o gosto é suportável, tudo bem. O local que adquirimos esses
alimentos mencionados é uma banca na “Feira do Paraguai”. Preciso esclarecer
aos amigos que não serviram ou conhecem Brasília que essa feira não está
situada no país amigo do sul. Trata-se, na verdade, da Feira dos Importados,
aprazível lugar para a aquisição de bugigangas e alguns equipamentos de
informática de excelente qualidade e preço inferior ao mercado. Ali, é possível
esbarrar numa autoridade do governo federal, cruzar com um desembargador, com
membros da área de segurança pública federal ou companheiros de farda. Mas,
tudo na calma e tranquilidade que somente a capital pode oferecer. É verdade
que vez por outra a receita federal realiza algumas operações e derruba meia
feira, No dia seguinte, as barracas estão abastecidas de aparelhos e
equipamentos que fazem a alegria de pais e filhos, jovens e idosos. Portanto, dúvida
sanada a respeito do local, deslocamo-nos para a citada feira. Lá chegando, antes
de realizar as compras para colaborar com a boa saúde, acompanho a Clara na
busca de determinado enfeite para o nosso lar. Enquanto ela entra na loja, fico
observando os transeuntes e constato que os chineses ou coreanos tomaram conta
das barracas e do comércio. A transformação é recente e já foi motivo de várias
reportagens na mídia de Brasília, De repente, vejo um objeto na bancada da loja
de uma chinesa ou coreana. Não posso acreditar que seja uma bússola M1-A1. Olho
desconfiado. Procuro aumentar a área de reconhecimento e sentencio: é a
própria. Aproximo-me e pergunto o preço do equipamento de orientação
rudimentar. A proprietária responde: quinze reais. Não acredito que estou tendo
a oportunidade de adquirir uma bússola M1-A1. Penso que pode ser um similar “paraguaio”
ou um “made in China”. Decido não comprar. Enquanto isso, o meu pensamento se
volta a quarenta e tantos anos atrás. Mais exatamente no ano de 1969. O cadete
do 1º Ano do Curso Básico volta a lembrar das jornadas de maneabilidade no
Carrapicho e na Pista Rondon. A perda de uma bússola tirou o descanso de vários
companheiros. Inicialmente, a busca frenética no sábado e domingo, auxiliado
por verdadeiros amigos, a procura de uma agulha no palheiro. Como encontrar uma
bússola naquela imensidão de lama e água, era a questão. O esforço, geralmente,
não era recompensado. Depois, o temor de uma punição e responder a um IPM por
perda de material bélico. Como tenente ou capitão, a pressão continuava. Após
um exercício de campo ou manobra, a falta da famosa bússola requeria a instalação
de um IPM. Se não era para responder o dito cujo, a missão de encarregado
também cobrava a sua parcela de sacrifício. Tudo por causa de uma reles bússola.
A existência de um parente ou amigo nas empresas aéreas que se deslocavam para
os EUA era comemorado como final de Copa do Mundo. Ele poderia trazer o
equipamento e solucionava a questão, muitas das vezes. Quanta angústia e
sofrimento por um equipamento que hoje vejo a venda por míseros quinze reais. A
missão é comprar as nozes e demais alimentos, portanto, esqueço a bússola e
desloco-me para a barraca da saúde e da qualidade de vida. Adquiro os alimentos
e tenho a nítida impressão que, com esse gesto, vou salvar o planeta e aumentar
meus anos de vida. Saio da feira e o pensamento está na bússola. Na volta para
a casa, decido passar na loja que vende material para os militares em Brasília.
Tudo legal e de acordo com os regulamentos. Lá, entre outros equipamentos,
encontro a bússola. Agora, não tenho dúvidas, esse equipamento é oficial e
posso adquirir. Pergunto o preço e a vendedora responde: vinte reais. Vou levar
uma bússola. É preciso colocar na página da MMM, na internet, a fotografia da
bússola que comprei. Se não, como o meu amigo Rabuske (Cav), lá na sua Santa
Rosa/RS, vai acreditar.
Simões Junior

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